Pesquisas anteriores sugeriram que seria necessário um aquecimento de pelo
menos 3,1º Celsius acima dos níveis pré-industriais, em uma faixa de 1,9ºC a
5,1º C, para derreter completamente a camada de gelo.
Mas novas estimativas, publicadas na revista Nature Climate Change,
estabelecem o limite em 1,6ºC em uma faixa de 0,8ºC a 3,2º C, embora esta
temperatura tenha que ser mantida por dezenas de milhares de anos para
apresentar este efeito.
A Groenlândia é, depois da Antártica, a maior reserva de água congelada em
terra.
Se derreter completamente, provocará uma elevação do nível do mar em 7,2
metros, encharcando deltas e terras baixas.
Segundo o estudo, se o aquecimento global se limitar a 2ºC, uma meta
estabelecida em negociações climáticas da ONU, o derretimento completo
aconteceria em uma escala de tempo de 50.000 anos.
As emissões atuais de carbono, no entanto, situam o aquecimento muito além
desta meta. Se não forem controladas, um quinto da cobertura de gelo derreteria
no prazo de 500 anos e toda estaria extinta em 2.000 anos, segundo o estudo.
O estudo foi feito por cientistas do Instituto Postdam de Pesquisa sobre o
Impacto do Clima (PIK) e da Universidade Complutense de Madri.
Segundo eles, o risco de perda total do gelo parece remota, em vista da
imensa escala de tempo, porém alertaram que suas descobertas contestam muitas
suposições sobre a estabilidade da cobertura de gelo com relação ao aquecimento
no longo prazo.
A atmosfera terrestre já se aqueceu 0,8ºC desde o início da Revolução
Industrial, em meados do século XVIII, e o dióxido de carbono emitido hoje ainda
perdurará por séculos.
A cobertura de gelo é vulnerável a um tipo de círculo vicioso, também
conhecido como 'feedback positivo', que impulsiona o derretimento, segundo o
artigo.
Chegando a 3.000 metros de espessura em alguns lugares, a cobertura de gelo
hoje se beneficia do efeito protetor de altitudes maiores e mais frias.
Mas quando derrete, a superfície desce para altitudes mais baixas, com
temperaturas mais elevadas, demonstra o modelo de computador.
Além disso, porções de terra expostas pelo gelo absorvem radiação por serem
mais escuras e não refletirem a luz. À medida que se aquecem, elas ajudam a
derreter o gelo em seus arredores.
"Nosso estudo demonstra que, sob certas condições, o derretimento da
cobertura de gelo da Groenlândia se torna irreversível. Isto sustenta a noção de
que a cobertura de gelo é um elemento preponderante no sistema terrestre", disse
Andrey Ganopolski, cientista do PIK.
"Se a temperatura global superar o limiar significativamente a longo prazo, o
gelo continuará a derreter e não se recuperará, mesmo se o clima voltar, após
milhares de anos, aos níveis pré-industriais", acrescentou. Fonte: Yahoo Notícias Saúde
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