Dia Mundial da Tuberculose: Brasil investe no combate a uma doença invisível
O Brasil avança em novos tratamentos de combate à tuberculose para atingir as metas estabelecidas dentro dos Objetivos do Milênio definidos pela ONU, depois de ter sido um precursor no método de diagnóstico de uma doença que mata 1,5 milhão de pessoas por ano no mundo.
O Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado anualmente em 24 de março,
ganha um significado especial para os brasileiros neste ano em que são lembrados
os 50 anos da morte do brasileiro Manuel Dias de Abreu, inventor da abreugrafia,
uma das grandes contribuições do país à medicina mundial, que o levou a ser
indicado ao Prêmio Nobel cinco vezes.
No entanto, o país que já foi uma referência no combate à doença ainda
convive com ela, integrando a lista de 22 nações que concentram 80% dos casos no
mundo, com cerca de 4.600 casos por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS).
A redução dos casos detectados até 2015 é um dos requisitos brasileiros
dentro dos Objetivos do Milênio, definidos no ano 2000 pela ONU.
No começo do século XX, a tuberculose era uma epidemia no país e não havia
políticas de controle eficaz ou tratamento. "Cerca de 50% das pessoas que
contraíam tuberculose morriam em dois anos, se a doença evoluísse. Hoje existe a
perspectiva do tratamento", explicou Miguel Aiub Hijjar, diretor do Centro de
Referência Hélio Fraga, no Rio de Janeiro.
A descoberta de medicamentos veio nos anos 40 e o número de casos começou a
reduzir, graças também à melhoria das condições de vida. Em 1936, o médico
Manuel Dias de Abreu criou uma espécie de raio-X simplificado que oferecia um
diagnóstico rápido e barato e que ficou conhecido como abreugrafia.
"A utilização do raio-X comum era dificultada pela falta de recursos que
evitassem a contaminação", explicou a especialista em história da tuberculose,
Dilene dos Santos. "A abreugrafia virou exame diagnóstico de massas,
principalmente nas décadas de 70 e 80, quando era requisitado na admissão a
empregos".
Atualmente, acredita-se que 1/3 da população mundial tenha tido contato com o
bacilo de Koch, causador da tuberculose.
Esta semana, uma aliança global contra a tuberculose anunciou o primeiro
teste clínico de um novo tratamento para a doença, tanto na forma clássica
quanto nas resistentes aos antibióticos, que será realizado no Brasil, e em
países como África do Sul e Tanzânia.
A Aliança Mundial para o Desenvolvimento de Medicamentos contra a Tuberculose
(TB Alliance), financiada por governos e fundações como a Fundação Bill e
Melinda Gates, indicou que uma nova combinação de drogas promete avanços.
Para Hijjar, os maiores desafios no tratamento são a sua associação com a
Aids, que aumenta a incidência, a persistência da pobreza e o abandono do
tratamento.
"A média de abandono no Brasil é de quase 11%, quando o aceitável é 5%",
afirmou.
O tratamento deve ser realizado durante seis meses e o abandono leva à
resistência aos medicamentos. Na tuberculose multirresistente, se estende por
dois anos ou mais.
Atualmente, as pesquisas avançam em três direções: na redução desse tempo, na
busca por uma vacina recomendada para adultos e por diagnósticos mais rápidos e
modernos, como o GenXpert e Genotype MTBDR plus, substituindo a tradicional
baciloscopia, utilizada desde sua invenção, no século XIX.
Carlos Basilia, diretor do Fórum de ONGs Tuberculose RJ - que reúne mais de
200 organizações não-governamentais com diferentes áreas de atuação -, lembrou
que a tuberculose ainda têm muitos estigmas.
"Há uma invisibilidade do problema e das pessoas com tuberculose, ao
contrário da dengue, por exemplo", afirmou.
Entre os sintomas da tuberculose, estão: tosse persistente há mais de 3
semanas, com presença ou não de catarro ou sangue, perda de apetite,
emagrecimento, febre baixa no fim do dia e suores noturnos. Quando apresentado
um desses sintomas, é aconselhável procurar o serviço de saúde para que seja
feito um exame de escarro. Fonte: Yahoo Notícias Saúde
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