quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Água em Marte aumenta esperança de encontrar vida no planeta vermelho

Cratera de Garni, em Marte, com linhas escuras de centenas de metros de comprimento que seriam formadas por água em estado líquido
A descoberta de água em Marte anunciada na segunda-feira pela Nasa alenta a esperança de encontrar vida e dispor de um recurso precioso para a exploração humana do planeta.
"Temos agora a possibilidade de ir aos lugares corretos em Marte para encontrar eventualmente vida", avaliou John Grunsfeld, administrador adjunto da agência espacial norte-americana, Nasa.
"Acredito que isso estimulará nossos engenheiros e cientistas a inventar instrumentos capazes de detectar vida", acrescentou o ex-astronauta.
Temos a capacidade de ir a Marte para estudar estas questões sobre a vida e respondê-las. Isso já não é uma questão abstrata, e sim bem concreta", afirmou Jim Green, diretor de ciências planetárias da Nasa.
Os cientistas explicam que a possibilidade de que haja vida microbiana no planeta vermelho é "muito grande" e que provavelmente há uma capa de água subterrânea.
"Para mim, a probabilidade de uma vida microbiana sob a superfície de Marte é muito alta", avalia Alfred McEwan, do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona, principal responsável pelo sistema de imagens (HiRISE) à bordo da sonda norte-americana que realizou a descoberta.
Esta vida provavelmente só poderia existir no subsolo, já que a superfície de Marte é inóspita, fundamentalmente pela radiação ultravioleta do sol que destruiria qualquer tipo de vida tal como conhecemos, explicam os astrônomos, apontando para a pouca densidade da atmosfera marciana, formada por 95% de dióxido de carbono (CO2), que não oferece proteção.
Michael Myer, responsável científico pelo programa de exploração de Marte na Nasa, informou que ainda não se sabe de onde bem a água responsável pelas estelas que aparecem pendentes em alguns lugares do planeta vermelho durante as estações menos frias do ano, antes de desaparecer quando a temperatura cai. Este fenômeno foi observado pela primeira vez em 2011.
- Cultivar plantas -
A água poderia estar no subsolo, já que não chove em Marte, destacou. E é "imperativo" encontrar outros locais mais acessíveis no planeta onde ocorra o mesmo fenômeno e buscar as fontes de água fresca subterrânea.
"Suspeitamos apenas que estes locais existem porque temos alguns indícios científicos que nos fazem pensar isso", afirmou John Grunsfeld, para quem "este será um caminho de exploração fascinante no futuro".
Se há água suficiente em Marte, então será possível cultivar plantas no interior de estufas infláveis, prevê o cientista. Dado que as plantas convertem o dióxido de carbono (CO2), abundante em Marte, em oxigênio, ele poderia ser um mecanismo útil para os futuros exploradores, permitindo-lhes tanto produzir alimentos como atingir um ambiente respirável, explicou.
Os representantes da Nasa confiam nas capacidades das próximas explorações, previstas nos próximos cinco anos, para descobrir mais segredos do planeta vermelho. Isto permitiria fazer avançar os programas de exploração humana futuros.
A Nasa lançará em março de 2016 um novo robô, batizado InSight, que pela primeira vez permitirá explorar as entranhas de Marte graças a um radar perfurador. O instrumento "pode descobrir aquíferos, o que seria um grande passo adiante" para preparar os recursos necessários para futuros exploradores, explicou Grunsfeld.
A Agência Espacial Europeia (ESA), no marco do programa ExoMars, prevê lançar em 2016 um satélite que orbitará em torno de Marte, ao que seguirá em 2018, em um programa junto à Rússia, um robô e uma plataforma de exploração na superfície do planeta. O objetivo é a detecção de metano e outros sinais de atividade biológica.
Finalmente, em 2020, os Estados Unidos enviarão um novo robô de exploração similar à Curiosity mas mais sofisticado, com a meta de tomar mostras do solo marciano e trazê-las para a Terra.
A agência espacial norte-americana planeja enviar a primeira missão habitada para o planeta vermelho não antes de 2030. Fonte: Siga o Yahoo Notícias no Twitter e no Facebook 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Fungos influenciam aromas e sabores dos vinhos

Garrafas de vinho tinto dos vinhedos de Bordeaux são vistas em uma loja de vinhos em Paris
Encorpado, amadeirado, generoso: os aromas do vinho são numerosos e variados, uma riqueza que vem especialmente de minúsculas variações genéticas de um micróbio, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Nature.
Uma mesma cepa pode dar origem a vinhos diferentes de acordo com o endereço ou à uva cultivada. Diferenças atribuídas normalmente à composição dos solos, ao clima e às práticas agrícolas.
Mas segundo os biólogos da Universidade de Lincoln no Reino Unido e da Universidade de Auckland na Nova Zelândia, um ator essencial é deixado de lado: um micróbio vegetal minúsculo, a levedura.
O fungo fornece a fermentação da uva que é o passo fundamental da vinificação, uma vez que converte o açúcar das uvas em álcool. A fermentação alcoólica ocorre em simultâneo com a maceração. Ela pode ser desencadeada por leveduras encontradas na pele ou por leveduras selecionadas em laboratório.
"Surpreendentemente, até agora nós sabíamos poucas coisas sobre o papel dos micro-organismos na vitivinicultura (e na agricultura em geral)", explicou à AFP Matthew Goddard, da Universidade de Lincoln e co-autor do estudo.
Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores estudaram seis leveduras diferentes provenientes de seis grandes regiões viticulturas da Nova Zelândia. Após ter estudado a uva sauvignon blanc, eles constataram que 39 compostos derivados da levedura influenciam no gosto e no odor do vinho e que uma grande maioria destes compostos variam segundo a região de origem do fungo.
"Os micróbios poderiam explicar porque obtemos vinhos diferentes segundo os 'terroirs'", afirmou Goddard.
Mas um dos primeiros critérios de valor para um vinho é a região de origem.
"As vinhas são confrontadas por muitos micróbios", diz Goddard. "Parece possível, se não provável, que todos esses micróbios que afetam as vinhas e frutas causam diferenças de sabores e aromas". Fonte: Siga o Yahoo Notícias no Twitter e no Facebook 

sábado, 26 de setembro de 2015

Bebidas energéticas e lesões cerebrais: uma combinação assustadoramente fatal

Bebidas energéticas e lesões cerebrais: uma combinação assustadoramente fatal
Se você se vale de bebidas energéticas para manter o pique, deveria reconsiderar essa escolha. De acordo com um novo estudo realizado pela Universidade de Toronto, os adolescentes que ingerem bebidas com altas doses de cafeína estão mais propensos a sofrerem lesões cerebrais traumáticas (TBI na sigla em inglês).
Os problemas cardíacos são apenas um dos riscos potenciais enfrentados pelos consumidores de bebidas energéticas. (Foto: Alamy)
Embora essas lesões cerebrais possam acontecer em várias circunstâncias, tais como quedas, brigas, ou acidentes de carro, a causa principal das lesões ocorridas entre os adolescentes é a prática de esportes. E lamentavelmente, essa taxa de lesões continua crescendo. De acordo com uma análise feita pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, entre 2001 e 2009, o número de lesões na cabeça, sofridas por jovens em torno dos 19 anos, aumentou em 57 por cento.
“É cada vez maior, o número de pais que fazem questão de que seus filhos participem ativamente de atividades extracurriculares,” diz Gabriela Ilie, principal autora do estudo, publicado na revista PLOS ONE. Talvez essa seja a razão pela qual atualmente um em cada cinco adolescentes relate que já sofreu uma lesão cerebral traumática, em alguma etapa de suas vidas. Essas lesões podem ser causadas por um golpe na cabeça, mas esse golpe pode deixar a vítima inconsciente durante pelo menos cinco minutos, ou até mesmo fazer com que ela precise ficar hospitalizada e em observação durante toda a noite, diz ela. 
Isso levou alguns especialistas a afirmar que a TBI entre os adolescentes, é um problema de proporções epidêmicas. “Durante a adolescência, todos somos mais vulneráveis, nossos cérebros ainda estão em desenvolvimento, e esse processo continua a se desenvolver até depois dos 20 anos,” diz Ilie para Yahoo Health. Ilie diz também que uma batida forte na cabeça pode ter consequências muito mais sérias do que simplesmente ficar no banco de reserva do time, sem poder jogar algumas partidas. Consequências graves como baixo rendimento escolar, abuso de substâncias como drogas e álcool, suicídio, e comportamento violento, geralmente estão vinculadas a uma lesão cerebral traumática.
Para avaliar se o consumo de bebidas energéticas — tendência cada vez mais comum entre os jovens — poderia desempenhar um papel importante em tudo isso, Ilie e sua equipe analisaram as respostas da pesquisa que entrevistou mais de 10.000 jovens com idades entre 11 a 20 anos. Foram avaliados vários aspectos de seu comportamento, tais como consumo de álcool e de bebidas energéticas, como também a frequência com que sofriam alguma lesão cerebral traumática.
Eles descobriram que as probabilidades de sofrer uma lesão cerebral são bem mais elevadas entre os adolescentes que tomam bebidas energéticas. Aqueles que haviam consumido pelo menos uma dessas bebidas no ano anterior, tinham duas vezes mais probabilidade de ter sofrido uma lesão cerebral recente, em comparação com os que não beberam. Quanto aos adolescentes que haviam tomado cinco ou mais bebidas energéticas na semana anterior, suas probabilidades de ter sofrido uma lesão cerebral recente eram quase sete vezes maiores, em comparação com os demais. A mesma tendência foi observada entre os adolescentes que costumavam misturar álcool com bebidas energéticas.
É bom levar em conta que esses resultados não demonstram uma simples relação de causa e efeito. Os pesquisadores não podem afirmar com toda convicção que o simples fato de ingerir bebidas com alto teor de cafeína cause lesões cerebrais traumáticas. Porém. “isso não chegaria a ser nenhuma surpresa,” diz Ilie para Yahoo Health, já que algumas bebidas energéticas contêm altas doses de cafeína (muitas vezes equivalentes a duas doses de café expresso), juntamente com outras substâncias estimulantes como a taurina e o guaraná. Portanto, a explosão de energia é quase inevitável; “ela pode predispor você a mais acidentes, porque agora você está tão ativo, que não pode se concentrar nem prestar atenção ao que está fazendo,” diz Ilie.
Infelizmente, a impressão que temos é a de que os esportes e as bebidas energéticas andam de mãos dadas. Visto que esses “elixires” de embalagem prateada são muitas vezes comercializados como bebidas esportivas, os jovens se sentem induzidos a ingeri-los antes de participar de jogos importantes, ou de praticar esportes radicais, como o snowboarding. “As campanhas [publicitárias] geralmente sugerem que as bebidas energéticas proporcionam mais potência e resistência muscular,” diz Ilie. “Infelizmente, carecemos de evidência científica contundente para apoiar essas alegações”. Por essa razão, as bebidas energéticas são como o Gatorade para os adolescentes, apesar do apelo feito pela Associação Médica Americana em proibir a venda das bebidas energéticas para o público jovem.
Talvez o aspecto mais preocupante de todos seja a tendência dos jovens em misturar bebidas energéticas com o álcool, já que eles desejam que o shot energético de um Red Bull elimine o sono e os deixe mais alertas enquanto estão embriagados. Qual é o perigo? “Você está intoxicado, embora esteja desperto,” diz Ilie. “Então, você estará muito mais propenso a fazer coisas malucas, que jamais pensaria em fazer, mesmo que estivesse apenas embriagado.” Acrescente a isso a alta probabilidade de uma bebedeira: Um estudo de 2014, feito pela revista Journal Pediatrics descobriu que a mistura de duas bebidas era bastante frequente nas bebedeiras entre os adolescentes. Como resultado, esta mistura arriscada pode ser responsável por graves lesões cerebrais traumáticas entre os adolescentes, e elas ocorrem em ambientes que não têm nenhuma relação com os esportes.
Qual é a solução? Ilie encoraja os pais não só a reprimir o consumo de bebidas energéticas entre seus filhos adolescentes, como também a averiguar por que eles sentem a necessidade de recorrer a essas bebidas. Isso os ajudará a saber se eles realmente sentem que as bebidas podem melhorar seu desempenho nos esportes, ou se apenas são uma ajuda para ficarem despertos depois de passarem uma noite no celular enviando mensagens . Mas Ilie também incentiva os jovens a explorar as consequências para a saúde, ao consumir tanta cafeína regularmente. “Eles têm que assumir alguma responsabilidade,” diz ela. “Dê um passo para o lado e pergunte-se: ‘O que estou colocando em meu corpo e por quê?’ O fato de que muitas dessas bebidas sejam legais leva algumas pessoas a dizer: ‘Eu estou bem.’ Mas você realmente está? Esteja atento às pesquisas, elas indicam o contrário.”
Laura Tedesco Fonte: Siga o Yahoo Notícias no Twitter e no Facebook 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Bovino


Em várias religiões antigas, o boi e a vaca são animais carregados de significado simbólico relacionado a ritos religiosos. Assim, no Egito se incluía entre as divindades a vaca Hathor, encarnação da Grande Mãe celestial. O culto hindu à deusa Sarasvati identifica o bovino com a Terra e o Sol.
Bovino é um mamífero ruminante da ordem dos artiodáctilos e da família dos bovídeos, dotado em geral de chifres constituídos por substância córnea, ocos em quase toda sua extensão. A terminologia normalmente empregada em pecuária designa por touro o macho não castrado, a partir de dois anos, destinado à reprodução; vaca é a fêmea depois da primeira parição; os machos castrados são chamados novilhos de corte ou, se destinados à tração, bois. Bezerros (ou terneiros) são os recém-nascidos até a desmama. No Brasil central, da desmama aos 24 meses a denominação comum é garrote. A fêmea, do ponto de enxerto até a primeira cria, denomina-se novilha.
Características. Animais de grande porte, os bovinos apresentam tronco volumoso e pesado, com o ventre muito desenvolvido. A cauda é longa e fina e apresenta, na extremidade, um tufo de pêlos longos. Os membros, relativamente curtos e com articulações salientes, terminam em cascos fendidos. O segundo e o terceiro dedos se apóiam no chão, enquanto que o primeiro e o quarto são rudimentares e se apresentam como terminações córneas na parte posterior dos membros.
A coluna vertebral é composta de sete vértebras cervicais, 13 a 14 dorsais, seis lombares, cinco sacrais e 18 a 20 coccigianas. As costelas são longas, achatadas e arqueadas, em número correspondente ao das vértebras dorsais (13 a 14 pares). Não há dentes incisivos superiores nem caninos, mas apenas seis incisivos inferiores e 24 molares.
O estômago ocupa quase três quartos da cavidade abdominal e divide-se em quatro compartimentos: rume ou pança, retículo, folhoso e coagulador. A capacidade do estômago varia com a idade e o porte do animal e pode atingir mais de 200 litros. O rume, que representa oitenta por cento do volume do estômago, é uma verdadeira câmara de fermentação, onde os alimentos são atacados por variadíssima fauna e flora microbianas, o que produz decomposições e sínteses de proteínas e vitaminas. Dentre esses microrganismos há bactérias capazes de digerir a celulose, o que permite aos bovinos ingerir grandes quantidades de alimentos fibrosos, como palha, feno e capim.
O período de gestação dura de 283 a 290 dias, conforme a raça, e o primeiro parto dá-se aos dois ou três anos de idade. O filhote caminha logo após o nascimento e desde o primeiro dia se alimenta de colostro, leite de cor avermelhada muito rico em nutrientes. Deve ingerir diariamente dez por cento de seu peso em leite até os noventa dias, quando pode começar a alimentar-se de pasto e forragem.
História
Não se sabe ao certo quando o homem passou a utilizar bovinos, mas na pré-história européia, há cerca de trinta mil anos, já eram caçadas espécies selvagens. Existem desenhos primitivos desses animais nas paredes das cavernas ou em pedras. Acredita-se que o boi tenha sido um dos primeiros animais domesticados, devido a sua utilidade na agricultura. Em 5000 a.C. os babilônios possuíam gado vacum, assim como os egípcios em 3500 a.C.
No antigo Egito, havia pelo menos duas raças de origem européia e uma zebuína. O boi Ápis, considerado encarnação do deus Osíris, era negro, com pêlos duplos na extremidade da cauda, a figura de uma águia branca no dorso, um crescente branco na testa e o desenho de um escaravelho na mucosa bucal. Na Índia, o zebu é sagrado desde tempos imemoriais. O selo de cobre de Mohenjo-Daro, descoberto às margens do Índus e datado de mais de 3000 a.C., traz a estampa de um touro com chifres semelhantes aos da raça guzerá. Os indianos bebem leite de vaca, mas não comem carne bovina. Na China já se importavam bovinos em 3400 a.C. e sua criação deve ter sido responsável pela prosperidade do país na antiguidade.
A Grécia pré-clássica já possuía rebanhos bovinos. Nos tempos de Homero, o boi era a medida pela qual se avaliavam as fortunas e servia como moeda. Os dotes eram freqüentemente pagos em bois, costume que perdura entre povos asiáticos e africanos. Os lacedemônios sacrificavam um boi a Áries cada vez que obtinham uma vitória por meio da astúcia. Em Creta, terra de origem da lenda do Minotauro, surgiram provavelmente as primeiras lutas com touros, esporte que se disseminaria depois pela zona mediterrânea.
O carro real dos etruscos era puxado por um touro branco, que simbolizava a força e a bravura, e por uma vaca da mesma cor, símbolo da fartura. Na Roma antiga, era proibido matar bois destinados ao trabalho, mas havia o costume de imolar bois brancos a Júpiter Capitolino depois de uma vitória militar. As cabeças dos bois imolados eram suspensas às portas dos templos. Antes do sacrifício, os romanos adornavam os chifres dos animais. As pessoas que não podiam pagar o preço de um animal sacrificavam uma imagem moldada em farinha.
Após a queda do Império Romano, a criação de gado declinou muito na Europa, situação que perdurou até o século XVII. A veneração religiosa explica a pouca vulgarização do consumo de carne bovina durante tantos séculos, com a conseqüente decadência da bovinocultura. Depois da invenção da refrigeração industrial, em 1868, o consumo de carne popularizou-se rapidamente.
A criação de gado vacum expandiu-se notavelmente no continente americano, principalmente no Brasil, Argentina, Uruguai, Estados Unidos e México, onde encontrou situação ecológica favorável. No Brasil, o gado bovino foi importante fator de desbravamento, de dilatação de fronteiras e de alimentação rica em proteínas. No final do século XX, os rebanhos bovinos ainda eram uma das principais fontes de riqueza do pampa sulino, do pantanal mato-grossense, da ilha de Marajó, dos campos e cerrados do Centro-Oeste e da caatinga nordestina.
Domesticação
Para as regiões em que as condições do solo -- terras ácidas ou pobres em nutrientes -- ou a posição geográfica de difícil acesso tornam pouco econômica a instalação de lavouras, a pecuária é a solução ideal. Permite a ocupação de vastos espaços inexplorados com escassa mão-de-obra e sem meios de transporte, já que os rebanhos podem deslocar-se por grandes distâncias.
Dentre as espécies de bovinos domesticadas, destacam-se três: o boi comum ou europeu (Bos taurus), provavelmente uma subespécie do auroque (B. primigenius), cujo habitat nos tempos pré-históricos estendia-se pela Europa e parte da África; o zebu ou boi indiano (B. indicus), dotado de giba, habitante natural das regiões tropicais, domesticado provavelmente na Ásia em épocas remotas; e o búfalo (Bubalus bubalis), criado no sul da Ásia.
O boi europeu tem pêlos longos, couro espesso, chifres curtos e pelagem pouco pigmentada. O indiano tem pêlos mais curtos e lisos, couro mais fino e pigmentado, barbela desenvolvida e giba. É provável que as duas espécies tenham se cruzado, em tempos remotos, dando origem a grande número de variedades, que de acordo com suas características se adaptaram a diferentes regiões. Os cruzamentos entre as espécies foram depois promovidos pelo homem, a fim de combinar a resistência do boi indiano aos climas quentes com a melhor produção leiteira do gado europeu.
Considera-se que a zootecnia moderna surgiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, quando se inventaram técnicas que permitiam a conservação  de alimentos perecíveis e passou-se a empregar novas plantas forrageiras como alimento do gado. A expansão das populações urbanas que se seguiu à revolução industrial trouxe maior demanda de alimentos e incentivou os ingleses a produzirem mais carne.
Outros países começaram a desenvolver técnicas de melhoramento do gado europeu, para corte e produção de leite, além de aprimorar o alimento das reses e suas condições sanitárias. Assim, as raças européias tornaram-se muito produtivas e foram o ponto de partida dos excelentes rebanhos surgidos depois nos Estados Unidos, Canadá, Argentina, Uruguai, Brasil, Austrália, Nova Zelândia e sul da África.
As raças européias, em climas adversos, perdem a resistência e não revelam as qualidades de que são portadoras por herança genética. O zebu, pelo contrário, embora por motivos religiosos não tenha sido submetido a processos de melhoramento em seu lugar de origem, adaptou-se bem às regiões onde o boi europeu encontrava dificuldades de aclimatação, especialmente nas zonas tropicais e subtropicais. A seleção da espécie só começou por volta de 1920, mas deu ótimos resultados.
O Brasil foi muito beneficiado pela importação de zebus, iniciada no final do século XIX. Esses bois encontraram no país condições de alimentação, de defesa sanitária e aplicação de procedimentos zootécnicos superiores às existentes em seu país de origem. Puro ou cruzado com o boi europeu, concorreu para a multiplicação dos rebanhos por ser resistente e fecundo. Outros países tropicais dedicaram-se a programas de melhoramento do zebu, para carne e leite, obtendo excelentes raças provenientes da combinação de suas qualidades com as do boi europeu.
O búfalo doméstico é originário da Ásia e descende provavelmente do arni (Bubalus arni), ainda encontrado em estado selvagem na Índia. Levado à Europa no primeiro milênio da era cristã, expandiu-se pelo sul da Rússia, Balcãs, Turquia e Egito, bem como pelo oriente asiático, Myanmar, Indochina, Java, Sumatra, Nova Guiné e Filipinas. Sua entrada no Brasil, onde é explorado para produção de leite e carne, data de fins do século XIX ou dos primeiros anos do século XX. Encontram-se grandes rebanhos no estado do Pará e na ilha de Marajó, além de pequenas boiadas em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.
Raças
Em zootecnia, a classificação em raças é, em boa parte, arbitrária e convencional, pois se baseia em traços superficiais como coloração dos pêlos, conformação craniana, presença de chifres ou procedência geográfica. Com a aplicação de técnicas destinadas ao aprimoramento das características de importância econômica, como produção de leite e carne, os melhores espécimes adquirem propriedades inerentes a essas funções, que deixam de ser distintivos raciais para se tornarem características próprias de bons animais de qualquer raça.
Segundo sua destinação econômica, as raças bovinas são em geral classificadas em três grupos: raças leiteiras, como a holandesa, suíça, jersey e guernsey entre as européias; sahiwal e red-sindhi, entre as indianas; raças de corte, como hereford, charolesa e aberdeen, européias, e nelore e santa gertrudis, de sangue asiático; por último, entre as raças de dupla aptidão estão as européias simmental, red polled e normanda, além das indianas gir e guzerá. Existem ainda os animais de tração, muito empregados no Brasil e em outros países com agricultura não mecanizada. Na Índia há raças especializadas em tração, como nagore, bachaur, malvi e kangayam, esta última a única introduzida no Brasil.
Gado leiteiro. Os critérios de classificação do gado vacum sofreram modificações decorrentes dos avanços tecnológicos e das exigências do mercado. Na Comunidade Européia, por exemplo, a carne passou a ser subproduto do leite, já que noventa por cento da carne ali produzida é extraída de raças leiteiras. Mesmo no Reino Unido, onde se selecionaram as primeiras raças de corte, como hereford e aberdeen-angus, a maior parte da carne provém do gado de raça holandesa.
Os novos hábitos alimentares em todo o mundo levaram os consumidores a preferir as carnes magras do gado leiteiro, antes consideradas de segunda. A carne gorda das raças de corte tende a ser progressivamente rejeitada pelo mercado, o que compromete o futuro dessas raças. Para o Brasil, no entanto, as raças mais adequadas são ainda as rústicas de corte, como a nelore, predominante no pantanal mato-grossense e em Marajó, onde não há condições para a cria de raças mais produtivas.
Holandesa. Originária da Frísia, nos Países Baixos, a raça holandesa é conhecida desde o princípio da era cristã. O padrão preferencial exibe três manchas pretas básicas: a primeira recobre a cabeça e o pescoço, a segunda se estende pelo dorso, lombo e costados, e a terceira, na região posterior da garupa, abrange parte das nádegas e da cauda. Apresenta uma estrela branca na testa, e as manchas pretas não ultrapassam a metade da cauda nem os joelhos. Existe uma variedade malhada de vermelho e outra, menos conhecida, denominada groninguense, preta de cabeça branca.
O gado holandês é considerado o de melhor produção leiteira do mundo. Em condições favoráveis, as fêmeas adultas pesam 550 a 700kg e os novilhos, aos dois anos, de 600 a 700kg. Preparados para corte, chegam a 450kg aos 12 ou 14 meses. As novilhas podem ser fecundadas aos 15 meses. Os melhores exemplares produzem até sessenta quilos de leite por dia.
No Brasil, o gado holandês adapta-se bem a regiões de clima temperado dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, especialmente para a criação intensiva, em que as reses permanecem em estábulo. Em zonas tropicais e subtropicais, ou frias e montanhosas, o cruzamento do gado holandês com raças mais rústicas, como a gir, produz raças mistas, com boa produção leiteira e muito mais resistentes.
Flamenga. Originária da antiga Flandres, a raça flamenga tem pelagem vermelho-escura, às vezes com manchas brancas nos flancos e no úbere. As fêmeas adultas pesam de 500 a 650kg e os machos, de 800 a 900kg. Seu leite tem alto teor de gordura, adequado para a produção de manteiga e queijos. Existe no Brasil em pequeno número.
Schwyz. A mais antiga raça selecionada pelo homem é a schwyz ou suíça, proveniente das regiões montanhosas da Suíça. Apresenta pelagem cinza-claro ou escuro. Em produção de leite, coloca-se logo após a raça holandesa e, cruzada com gado zebu, produz excelentes novilhos de corte. Juntamente com a jersey, é das raças européias mais resistentes ao clima tropical, embora muito suscetível à aftosa.
Jersey. Proveniente da ilha de Jersey, no canal da Mancha, a menor das raças leiteiras é, pelo seu porte reduzido, deficiente para a produção de carne. Seu leite é o mais gordo entre as raças européias. De pelagem amarela uniforme, é rústica e se reproduz precocemente. Intensamente explorado na Nova Zelândia, grande produtora de laticínios, o gado jersey, no Brasil, tem seus maiores núcleos em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
Guernsey. De pelagem amarela malhada e porte superior ao da jersey, a raça guernsey, originária da ilha de mesmo nome, na Mancha, é excelente produtora de leite gordo. Cria-se no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Argentina e Brasil.
Red sindhi. O gado vermelho sindhi é muito apreciado na Índia como produtor de leite, mas no Paquistão sua seleção está mais aprimorada. É um gado manso, rústico e de pequeno porte. Seus poucos representantes no Brasil fazem parte do plantel paulista de Ribeirão Preto.
Gado de corte. As tradicionais raças de corte, originárias da Inglaterra, são adaptadas a zonas temperadas. A multiplicação das raças deveu-se principalmente ao desenvolvimento de gado de corte em regiões onde as raças inglesas não conseguiram prosperar. Fatores como adaptação ao meio e velocidade no ganho de peso são determinantes para a escolha da raça adequada. Modernamente, o novilho de corte é resultado de cruzamento de duas raças, uma vez que a hibridez favorece o aprimoramento das qualidades próprias do gado destinado ao abate. No Brasil são criados bovinos de corte de origem inglesa, francesa e indiana, além de algumas raças          desenvolvidas no país, como a indubrasil e a canchim.
Aberdeen-angus. Os animais da raça aberdeen-angus possuem pelagem preta, membros muito curtos e não têm chifres. São precoces e produzem excelente carne. Originários da Inglaterra, adaptaram-se bem nos Estados Unidos, na Argentina e no Uruguai. Não toleram os climas tropicais e são criados, no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul.
Hereford. Originária do condado de Hereford, a raça inglesa que leva esse nome expandiu-se nos Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Brasil e Austrália. Sua pelagem  vermelha é matizada de branco, que recobre a cabeça e pode estender-se, na parte anterior, pela barbela, peito e ventre. São brancas também as extremidades e o tufo de pêlos da cauda. Rústicos, bons reprodutores e velozes no ganho de peso, os animais dessa raça têm carne macia e gordura distribuída de modo uniforme. Há uma variedade mocha, conhecida como polled hereford.
Devon. Originária dos condados ingleses de Devon e Sommerset, a raça devon apresenta pelagem uniforme, vermelho-acaju. Sua carne é considerada das melhores e o rendimento de suas carcaças, elevado. Rústica e dócil, supera em certas regiões os animais das raças hereford e shorthorn, mas, como estas, não suporta as condições dos trópicos.
Charolesa. Melhor raça de corte da França, o gado charolês apresenta bons resultados no cruzamento com gado leiteiro e também com zebuínos, para obtenção de novilhos de corte em regiões subtropicais. De cor branca ou branco-creme uniforme, tem couro macio e pêlos finos e longos, que tendem a ondular-se. Sua carne, embora não seja tão macia quanto a das raças inglesas, é menos gordurosa que aquelas. No Brasil serviu de base para a formação do gado canchim.
Nelore. A nelore é a raça de zebus mais freqüente no Brasil central. De grande porte, rústicos e bons reprodutores, dotados de excepcional longevidade, os nelore partiram dos núcleos iniciais  em Uberaba MG, no Rio de Janeiro e na Bahia e se disseminaram pelos estados do Espírito Santo, São Paulo, Mato Grosso, Goiás e pela Amazônia. Em confronto com outras raças indianas criadas no Brasil, os bezerros nelore exigem menos cuidados em criações extensivas e a raça apresenta os melhores resultados em melhoramento e expansão.
De cor branca, acinzentada, prateada ou com manchas, os machos nelore são em geral mais escuros nas espáduas, no pescoço e nos quartos traseiros. Os chifres são achatados, implantados como estacas simétricas para trás e para fora. As orelhas, curtas, terminam em ponta-de-lança. Como as demais raças indianas, possui giba desenvolvida. No Brasil, encontrou boas condições para melhorar a produção de carne, com maior velocidade de crescimento, melhores pesos em idades precoces e melhor cobertura de músculos nos cortes mais valorizados.
Chianina. De pelagem branca sobre pele preta, o boi da raça chianina assemelha-se ao nelore. Com cabeça pequena em relação ao tronco, tem chifres curtos, mucosas escuras e poderosa ossatura. Apresenta características de animal de tração e acentuado dimorfismo sexual: as fêmeas têm tórax mais profundo, ancas mais afastadas e membros mais curtos. É notável a resistência dessa raça ao calor. Em São Paulo e Minas Gerais foram realizados cruzamentos entre as raças chianina e nelore, com resultados promissores.
Santa gertrudis. Desenvolvida no Texas, Estados Unidos, a raça santa gertrudis apresenta animais rústicos e de bom rendimento. Depois de vários cruzamentos de animais shorthorn com mestiços de zebu, chegou-se ao monckey, considerado o marco inicial da nova raça. O gado santa gertrudis caracteriza-se pela cor vermelha, giba inferior à do zebu puro e umbigo longo. É precoce, ganha peso rapidamente e adapta-se bem às condições climáticas de São Paulo e do Rio Grande do Sul.
Mocha tabapuã. O touro tabapuã foi o ponto de partida da linhagem desenvolvida no município paulista de mesmo nome. Tão logo se constatou sua produção uniforme, isto é, filhos mochos e de excelente conformação, o touro passou a ser utilizado intensamente como reprodutor. Consta que descendia de pais mestiços de guzerá e nelore, com predomínio da primeira raça. Os novilhos mostraram bom rendimento de carne limpa e as fêmeas são leiteiras razoáveis.
Brahman. Obtidos por criadores do sul dos Estados Unidos que buscavam um gado resistente às doenças, às secas e às temperaturas elevadas, capaz de longas caminhadas em busca de água e alimento, os animais brahman mostraram-se aptos a ingerir forragens com alto conteúdo fibroso e baixo teor protéico. Fruto do cruzamento da várias raças indianas com predomínio da guzerá, da qual herdou a cor cinza com manchas escuras do pêlo, a brahman mostrou-se indicada para exploração direta e para cruzamento com raças britânicas.
Indubrasil. Resultado do cruzamento de raças indianas, com predomínio de guzerá e gir, a raça  indubrasil foi desenvolvida por criadores do Triângulo Mineiro que pretendiam preservar as características do puro zebu. O indubrasil predominou, em sua região de origem, até a década de 1930, quando começaram a ressurgir as raças nelore, guzerá e gir. De boa precocidade, apresenta ganho de peso às vezes superior ao apresentado pelas raças nelore e guzerá. De pelagem uniforme branca, cinza-claro ou cinza-escuro, tem grande porte e pernas mais longas que outras raças zebuínas. As fêmeas apresentam boa conformação, com ancas afastadas, membros mais curtos e arqueamento das costelas.
Canchim. Formado numa fazenda de criação de São Carlos SP, o gado canchim resultou do cruzamento de zebu com a raça charolesa. De pelagem branco-creme, forte ossatura e poderosa massa muscular, o canchim mostrou-se rústico, bom ganhador de peso e adaptado ao clima paulista.
Gado de dupla aptidão. Existem raças igualmente utilizadas para a produção leiteira e para corte, que são as mais convenientes para as condições climáticas e econômicas do Brasil. A algumas delas pertence grande parte dos rebanhos nacionais; outras, como a caracu, mocho nacional e friburguesa, tiveram desenvolvimento mais restrito.
Gir. Desenvolvida inicialmente para a produção de carne, a raça gir conquistou, em porte e em peso, desempenho melhor que o obtido na Índia, onde é considerada leiteira. Distingue-se de outras raças indianas criadas no Brasil pela pelagem, cuja coloração varia do branco ao vermelho, sempre com uma mancha em alguma parte do corpo, e pela implantação típica dos chifres, que se desenvolvem em espiral. A raça apresenta características extraordinárias para animais de corte. Os maiores plantéis brasileiros localizam-se na região do Triângulo Mineiro e em Mococa, Casa Branca e Jacareí, no estado de São Paulo. Nessas localidades, foi submetida a intenso trabalho de seleção, que a transformaram numa raça de grandes possibilidades leiteiras e também de corte.
Guzerá. Embora selecionado em alguns rebanhos nacionais para a produção de leite, o animal guzerá apresenta características inequívocas de bom produtor de carne: tronco profundo, costelas arqueadas, ancas afastadas, equilíbrio entre quartos dianteiros e traseiros e dorso longo. De pelagem uniforme cinza-claro ou cinza-escuro, com manchas quase negras, o guzerá apresenta chifres em forma de lira alta e orelhas largas e pendentes como folhas de fumo. Tem postura imponente e temperamento dócil.
Simmental. De origem suíça, a raça simmental produz na Europa vacas adultas de 600 a 700kg e touros de 900 a 1.200kg; os novilhos chegam a 500kg dos 12 aos 14 meses. De pelagem malhada, apresenta manchas que variam do amarelo-claro ao vermelho, com cabeça branca. Nos machos, os pêlos da cabeça e do pescoço costumam ser longos e ondulados. É selecionada intensamente na Suíça, para carne e leite, e na Alemanha, onde sua média de produção leiteira apresentou expressivo aumento. Os produtos do cruzamento simmental-zebu são de ótima qualidade.
Shorthorn. Inglesa com influência do gado holandês, a raça shorthorn apresenta três possibilidades de pelagem: vermelha uniforme, branca ou creme e a rosilha, que é uma combinação de pêlos vermelhos e brancos. Foi a primeira raça formada intencionalmente, por meio de estreita consangüinidade, que determinou, em algumas linhagens, redução da fertilidade. Embora não apresente a mesma rusticidade da hereford, serviu de base para a formação de uma nova raça adaptada aos trópicos, a santa gertrudis. As vacas chegam aos 800kg, enquanto os machos podem ultrapassar uma tonelada.
South devon. Uma das mais antigas raças inglesas, a south devon é boa produtora de carne e leite para a fabricação de manteiga. Apresenta pelagem vermelha, pele amarela e chifres de tamanho médio. Os novilhos podem atingir 800kg sem acumular gordura em excesso.
Normanda. Oriunda da Normandia, a raça normanda tem pelagem que varia do vermelho-claro ao escuro, com manchas claras características. Já foi criada em Minas Gerais, mas a falta de uma associação de defesa e difusão da raça prejudicou seu desenvolvimento. Há plantéis no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Red polled. Resultante do cruzamento das raças inglesas norfolk e suffolk, a red polled é mocha e tem pelagem vermelha. Sendo sua carne excelente, as fêmeas destinadas ao abate alcançam melhor cotação que as das raças especializadas para leite.
Pitangueiras. O gado pitangueiras foi desenvolvido pela Companhia Frigorífica Anglo do Brasil, e nele entram 3/8 de sangue guzerá e 5/8 de red polled. As reses são vermelhas, mochas e boas produtoras de leite. Os machos atingem a idade de abate com bom peso.
Doenças do gado
Sendo a pecuária a principal fonte de riqueza do campo em muitos países, inclusive o Brasil, ganha especial importância o combate às doenças do gado.
Verminoses. Todos os animais estão sujeitos ao ataque de vermes, muitos transmissíveis ao homem. Daí a dupla necessidade de combater esses parasitas, seja em defesa do animal, seja em prol da saúde pública. Um exame de fezes anual em animais suspeitos facilita a indicação do vermífugo específico, já que a variedade e resistência dos parasitos é muito grande. Higiene nos estábulos e construção de esterqueira ajudam a evitar a contaminação.
Doenças infecciosas. São diversas as doenças contagiosas causadas por microrganismos. No Brasil, é indispensável vacinar o gado bovino contra aftosa, de quatro em quatro meses, com vacina trivalente; todas as fêmeas contra brucelose, dos quatro aos dez meses; e todos os bezerros aos cinco meses, contra o carbúnculo sintomático. Outras doenças, como a raiva e o carbúnculo verdadeiro, devem ser prevenidas com vacinação, mas somente em zonas de incidência comprovada.
Parasitos externos. Sérios prejuízos ao gado podem ser causados por parasitos como o carrapato, veiculador de doenças graves como bebesiose, piroplasmose e anaplasmose, que também suga boa quantidade de sangue da vítima. Sarnas, bernes e moscas devem igualmente ser combatidos.
Doenças da nutrição. Avitaminoses e carências minerais são fatores negativos na exploração de bovinos. Criadores evoluídos mantêm, em caráter permanente, sal mineralizado e farinha de ossos em cochos distribuídos pelos pastos, à disposição do rebanho. A falta de alguns nutrientes, como o fósforo, pode causar baixa na fertilidade das reses. Animais confinados devem receber trinta mil unidades internacionais de vitamina A por dia.
Intoxicações. Principalmente nas pastagens novas é comum a incidência de plantas tóxicas, que devem ser erradicadas. Em doses superiores às recomendadas, a uréia também pode matar os animais por intoxicação.
Fonte: ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Descoberto mecanismo de multirresistência os tratamentos contra a malária

A malária mata sobretudo crianças. Os menores de 5 anos representam dois terços de mortes pela doença
parasita responsável pela malária é capaz de adquirir uma preocupante multirresistência aos tratamentos existentes, inclusive a moléculas que nunca enfrentou anteriormente, descobriu uma equipe de cientistas franceses.
Pararistas expostos em tubos de ensaio à artemisina (o componente básico do tratamento padrão) durante cinco anos desenvolveram uma resistência generalizada à maioria dos outros medicamentos contra a malária, indicou o estudo.
Os parasitas escapam do efeito tóxico dos medicamentos por um fenômeno de adormecimento (quiescência).
Dessa maneira, são capazes de suspender seu desenvolvimento durante toda a exposição aos medicamentos contra a malária.
Mas desde que o tratamento é suspenso, despertam e voltam a proliferar.
Esta nova multirresistência, baseada neste fenômeno de adormecimento, não pode ser detectada com os testes utilizados atualmente para medir a sensibilidade da parasita aos tratamentos disponíveis, segundo os pesquisadores da equipe Françoise Benoit-Vical, do Instituto Inserm/CNRS, e do instituto Pasteur.
Isso constitui uma ameaça a mais para os tratamentos antimalária, alertam os pesquisadores.
O componente básico das terapias contra a malária, a artemisina, registra cada vez mias fracassos clínicos devido à emergência de resistências na Ásia e no sudeste asiático.
Resistências que, por ora, não foram encontradas no continente africano, afirmou Benoit-Vical.
A malária, provocada pela parasita Plasmodium falciparum e transmitida pela picada de mosquitos infectados atinge majoritariamente zonas tropicais, onde provoca 600.000 mortes por ano, apesar da mortalidade ter diminuído 60% em 15 anos.
Se a multirresistência constatada nos trabalhos de laboratório ocorrer nos pacientes, isso colocará em perigo os atuais medicamentos contra a doença, em particular as combinações terapêuticas, afirma Françoise Benoit-Vical.
"Por isso é indispensável verificar no terreno e com a ajuda de testes adaptados, se esse fenômeno de adormecimento, identificado no laboratório, está presente nos pacientes", acrescentou.
A OMS e a Unicef destacaram esta semana que o número de casos de malária no mundo cai graças à prevenção, aos tratamentos e à luta contra esta doença e 6,2 milhões de vidas foram salvas nos últimos 15 anos.
Os novos casos de malária diminuíram 37% desde 2000 e sua mortalidade 60%, segundo a Organização Mundial de Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Segundo as organizações, a meta de inverter a curva estatística da malária em 2015, definida como um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, foi alcançada.
A malária mata sobretudo crianças. Os menores de 5 anos representam dois terços de mortes pela doença, lembrou o informe, assinalando que a mortalidade infantil diminuiu 65% nestes 15 anos, o que representa 5,8 milhões de vidas preservadas.
Mas a luta deve continuar: para 2015, o relatório prevê 214 milhões de novos casos que provocarão a morte de aproximadamente 438.000 pessoas, embora a malária seja uma doença diante da qual é possível se proteger e se curar. Fonte: Siga o Yahoo Notícias no Twitter e no Facebook 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Espermatozoides in vitro podem revolucionar tratamento de infertilidade

(Arquivo) Embriões bovinos são colhidos em Tours, no dia 20 de outubro de 2006

Cientistas franceses conseguiram criar espermatozoides in vitro a partir de células-tronco testiculares - feito inédito que pode revolucionar no longo prazo o tratamento da infertilidade masculina.
A empresa de biotecnologia Kallistem, com sede em Lyon (leste da França), anunciou a descoberta em maio passado, mas somente nesta quinta-feira forneceu detalhes sobre a pesquisa, desta vez com o aval do Centro Nacional francês de Investigações Científicas (CNRS).
Desde então, o projeto avançou, os pesquisadores registraram patentes e apresentaram a publicação de seus trabalhos a uma revista científica.
Concretamente, conseguiram criar in vitro espermatozoides de rato, de macacos e de homens.
Para obter este resultado, foram necessários 20 anos de pesquisa para chegar às condições de cultivo em que se pudessem transformar espermatogônias (células-tronco testiculares) em espermatozoides.
A técnica poderia resolver "entre 30 e 50%" dos problemas de infertilidade masculina, afirmou Philippe Durand, pesquisador responsável pelo projeto. Mas ainda serão necessários alguns anos até que o tratamento esteja disponível, dado que os testes clínicos só começarão dentro de três a cinco anos.
A equipe testará inicialmente a qualidade destes espermatozoides criados in vitro com ratos, para avaliar se os filhotes nascidos deles "são normais ou não e se são capazes de se reproduzir", explicou Durand. Donte: Yahoo Notícias

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Monsanto terá de indenizar agricultor francês intoxicado por herbicida


Foto:  Fonte: goople imagens
A justiça francesa confirmou nesta quinta-feira a responsabilidade da Monsanto na intoxicação de um agricultor que utilizava um herbicida do grupo agroindustrial americano, que terá que indenizar a vítima.
Paul François foi intoxicado em abril de 2004 ao inalar vapores de Lasso, um herbicida da Monsanto que ele utilizava em sua plantação de milho no sudoeste da França.
Após a inalação, o agricultor desmaiou e foi parar na emergência de um hospital cuspindo sangue. Após cinco semanas de tratamento, continuou apresentando problemas com a fala, momentos de ausência mental e fortes dores de cabeça. No fim de novembro de 2004, voltou a sofrer desmaios.
Em maio de 2005, após um longo período de internação, no qual esteve, inclusive, em coma, foi descoberta a causa de sua doença: o monoclorobenzeno, um solvente altamente tóxico e que representa 50% da composição do herbicida da Monsanto.
A multinacional foi condenada em primeira instância em 2012 a indenizar o agricultor de 47 anos que sofre graves sequelas, mas recorreu da decisão, confirmada nesta quinta-feira pelo tribunal de apelações de Lyon.
Na audiência deste tribunal, em maio deste ano, a Monsanto alegou que seu produto "não é perigoso" e que "os prejuízos apontados não existem".
Paul François, contudo, está convencido de que a empresa sabia dos riscos da utilização do Lasso muito antes de sua proibição na França, em novembro de 2007.
Esse herbicida já havia sido considerado perigoso e foi retirado do mercado no Canadá em 1985, e na Bélgica e no Reino Unido em 1992.
O advogado da Monsanto, Jean-Daniel Bretzner, declarou à AFP que a decisão é "surpreendente, consideradas as imprecisões e os erros que permeiam a tese de Paul François".
O advogado acrescentou que "o combate vai continuar", dando a entender que a Monsanto recorrerá mais uma vez da decisão.
"As empresas não estão acima das leis", declarou Paul François. "Davi pode ganhar de Golias", acrescentou seu advogado, em Paris. Fonte: Siga o Yahoo Notícias no Twitter e no Facebook 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Estudo derruba pressuposto de que número de presas e predadores é proporcional

Um jovem leão é visto no Parque Nacional de Nairóbi, no Quênia, no dia 10 de agosto de 2015

Um jovem leão é visto no Parque Nacional de Nairóbi, no Quênia, no dia 10 de agosto de 2015
Cientistas disseram esta semana que descobriram o que parece ser uma incomum lei da natureza que mantém baixo o número de grandes predadores ao longo de vastos espaços da Terra e seus oceanos.

Mesmo quando há uma abundância de presas em torno de criaturas maiores, como leões, o número de leões em uma área não aumenta, segundo as descobertas publicadas pela revista Science.
O mesmo padrão se mantém tanto para animais de grande porte quanto para pequenas criaturas do mar, como o zooplâncton, que come o fitoplâncton.
"Onde as presas são abundantes, não há proporcionalmente mais predadores", disse o estudo, que analisou dados de 50 anos de plantas e animais ao longo de 2.260 ecossistemas e em 1.512 locais distintos em todo o mundo, incluindo pradarias, lagos, florestas e oceanos.
Em vez do aumento no número de predadores para combinar com as presas disponíveis, as populações de predadores são limitadas pela velocidade com que se reproduzem.
E, em ambientes lotados, as presas se reproduziram menos do que em locais com menos presas ao redor, sugerindo que a competição por recursos pode colaborar para limitar a prole.
"Até agora, a suposição era de que, quanto mais presas, correspondentemente haveria mais predadores", disse o autor do estudo, Ian Hatton, estudante de doutorado na Universidade de McGill.
"Mas quando olhamos para os números, descobrimos em vez disso que, nos ecossistemas mais exuberantes, não importa onde eles estejam no mundo, tem uma proporção reduzida de predadores para suas presas", explicou Hatton.
"Isso ocorre porque com maior aglomeração, espécies de presas têm menos filhos para cada indivíduo. Com efeito, as taxas de reprodução das presas são limitadas, o que também limita a abundância de predadores".
O co-autor Kevin McCann, do departamento de biologia da Universidade de Guelph, afirmou que os pesquisadores ficaram "espantados" com o que viram como um "padrão surpreendente".
As quantidades relativas de biomassa de predadores e presas em diversos ecossistemas poderia ser "extraordinariamente bem prevista por uma função matemática simples chamada de lei de escala de energia", disse McCann.
Esta "lei de força" mostra que há sempre menos predadores "top de linha" do que o esperado em ecossistemas ricos em recursos do que em ecossistemas pobres em recursos.
Uma melhor compreensão da dinâmica predador-presa poderia ajudar os conservacionistas a monitorar espécies ameaçadas de extinção e mostrar como muitos grandes predadores devem estar em uma determinada área com base na presas disponíveis.
"Confirmar essas hipóteses seria um marco importante na ciência de ecossistemas", disse um editorial da revista Science escrito por Just Cebrian, professor do departamento de Ciências Marinhas da Universidade de South Alabama. Fonte: Yahoo Notícias

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Imunoterapia mostra sucesso no tratamento contra leucemia

(Arquivo) Ampolas de exame de sangue são vistas em Paris, no dia 6 de julho de 2012
Uma terapia de combate ao câncer que programa as células do sistema imunológico do paciente para limpar a leucemia linfoide crônica (LLC) se mostrou eficaz no longo prazo num grupo de pessoas -- é o que informa um estudo norte-americano publicado nesta quarta-feira.
Especialistas disseram que o tratamento é a vanguarda de uma área crescente conhecida como imunoterapia, que consiste em persuadir o corpo a matar o câncer e pode um dia revolucionar a oncologia ao acabar com o uso da quimioterapia.
O tratamento, conhecido como CTL019, foi desenvolvido pelo Abramson Cancer Center da Universidade da Pensilvânia e a Perelman School of Medicine, que agora reportam os primeiros resultados de longo-prazo num grupo de 14 pacientes iniciais.
Oito dos adultos envolvidos no estudo (57%) responderam ao tratamento: quatro apresentaram remissão de longo prazo e quatro com resposta parcial, segundo os resultados publicados na revista Science Translational Medicine.
A primeira pessoa a receber tratamento recentemente celebrou cinco anos livre do câncer. Outras duas chegaram à marca dos quatro anos sem qualquer sinal de retorno no câncer. A quarta estava em remissão há 21 meses, e depois morreu de uma infecção após uma cirurgia que não tinha relação com a leucemia.
"Nossos testes com pacientes que vivenciaram remissões completas mostraram que as células modificadas permanecem em seus corpos durante anos após as infusões, com nenhum sinal de células cancerígenas ou linfócitos B", explicou Carl June, principal autor do estudo, professor de imunoterapia no departamento de patologia e medicina laboratorial da Universidade da Pensilvânia.
"Isso sugere que ao menos algumas das células CTL019 retêm suas habilidades de caçarem células cancerígenas por longos períodos de tempo".
- Como funciona -
Os pesquisadores primeiro relataram resultados iniciais em três pacientes adultos em 2011, mostrando que dois dos três entraram em remissão no primeiro ano de tratamento.
A terapia experimental é feita a partir das células do sistema imunológico dos próprios pacientes, também conhecidas como células T, coletadas pelos pesquisadores e reprogramadas para procurar e matar o câncer.
Normalmente, o sistema imunológico tenta atacar o câncer mas não consegue, porque o câncer pode evadir as defesas do organismo.
As células T são modificadas para conter uma proteína conhecida como um receptor quimérico antigênico (CAR), que tem como alvo a proteína CD19 encontrada na superfície de células B cancerosas.
Depois que as células imunes são coletadas e reprogramadas, o paciente é submetido a quimioterapia para limpar o sistema imunológico antes de receberem as novas células imunes "bombadas".
Jacqueline Barrientos, oncologista do North Shore-LIJ Cancer Institute que não participou do estudo, descreveu o tratamento como "revolucionário" por sua capacidade de eliminar o LLC durante anos.
"Estas notícias são muito animadoras", disse Barrientos à AFP, afirmando também que muitos especialistas acreditam que Carl June deve receber o prêmio Nobel algum dia por iniciar uma era no tratamento do câncer.
O tratamento não funcionou para todo mundo. Quatro dos pacientes (29%) responderam à terapia por uma média de sete meses, mas o câncer voltou a aparecer.
Seis das 14 pessoas no grupo não tiveram qualquer resposta ao tratamento, e os pesquisadores estão trabalhando para descobrir por que suas células modificadas não se alastrou por seus corpos da mesma forma como ocorreu com os outros pacientes que apresentaram remissão de longo prazo.
"Os pacientes no estudo são pioneiros, cuja participação nos deu material e experiência sobre a qual construir esta nova abordagem para ajudar cada vez mais pacientes", afirmou o pesquisador David Porter, diretor da área de transplantes de sangue e medula do Abramson Cancer Center. Fonte: Yahoo Notíicias