Santiago do Chile, 21 abr (EFE).- O Deserto do Atacama se transformou nos últimos anos num laboratório de testes para futuras viagens em busca de vida microscópica em Marte e na Lua, planetas que têm uma paisagem parecida com a árida e inóspita região norte do Chile.
No Atacama foram feitos testes com robôs que podem caminhar em superfícies extraterrestres, são realizadas pesquisas para detectar a existência de microorganismos e foram projetados centros operacionais para apoiar atividades espaciais.
Um dos projetos mais atrativos é a estação de pesquisa Moon Mars Atacama Research Stations (MMARS), que ainda não tem data definida para ser construída.
Impulsionado pela Universidade de Antofagasta, no Chile, a MMARS terá uma estação base e um ambiente de simulação de ambientes extraterrestres. No futuro, a ideia é transformar o local num centro de referência para pesquisas de instituições internacionais.
O centro funcionará na Estação Yungay, a cerca de 80 quilômetros de Antofagasta e 1.300 quilômetros de Santiago, numa propriedade que o governo ofereceu em março em regime de concessão.
"Agora é tempo de conseguir parceiros e investimentos. Temos o local e é preciso começar a levantar os alicerces", disse à Agência Efe Carlos Riquelme, vice-reitor da Universidade de Antofagasta.
Ao lado da MMARS será construída a Plataforma Solar do Deserto do Atacama (PSDA), que permitirá desenvolver projetos relacionados à concentração solar num lugar com elevada radiação.
A ideia é imitar a plataforma solar que o Centro de Pesquisas Energéticas, Ambientais e Tecnológicas (Ciemat) tem em Almería, na Espanha.
A MMARS poderá servir de base de pesquisas como a realizada por cientistas chilenos e espanhóis para detectar microorganismos que vivem em condições extremas (extremófilos).
A equipe realizou uma perfuração num lago de sal, analisou amostras de rocha e encontrou bactérias e arquéias (microorganismos primitivos) que vivem sem luz solar e oxigênio.
Os resultados da pesquisa, realizada pelo Centro de Biotecnologia da Universidade Católica do Norte, no Chile, e o Centro Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) da Espanha, foram publicados em 2011.
O estudo utilizou um instrumento, chamado Signs of Life Detector (SOLID), equipado com um biochip que contém 450 anticorpos para identificar material biológico e que poderia ser empregado para detectar vestígios de vida na superfície de Marte.
"Atualmente estamos trabalhando em colaboração com grupos da Nasa para demonstrar a utilidade do SOLID em futuras missões em Marte", explicou à Agência Efe Víctor Parro, pesquisador do CSIC.
O cientista espanhol admite que devido à atual situação econômica dos Estados Unidos e da Europa não estão previstas missões importantes para Marte, mas é "preciso estar preparado para quando as oportunidades surgirem".
O SOLID poderia ser acoplado a algum dos robôs que vem realizando testes no escarpado solo do Atacama há mais de 15 anos.
Em 1997, a Nasa e a Universidade Carnegie Mellon dos Estados Unidos testaram durante quarenta dias o robô Nomad, que tinha como objetivo buscar água, gelo e minerais na região, o que seria feito posteriormente numa expedição para a Lua ou Marte.
A Nasa continua aperfeiçoando estes aparatos e atualmente está desenvolvendo um novo robô, dotado com um instrumento que recolhe amostras do solo de um metro de comprimento. O robô será testado no Atacama em 2013, segundo disse à agência Efe David Wettergreen, pesquisador da agência americana.
Estas iniciativas ocorrem numa zona onde se concentram grandes observatórios astronômicos, entre eles os telescópios La Silla Paranal, propriedade do Observatório Europeu Austral (ESO), e o conjunto de 66 antenas de radiotelescópio que compõem o ALMA.
Tudo isso num local ermo onde a sequidão convida a olhar para o céu claro em busca de outros planetas, onde a existência de vida é quase uma ilusão. EFE Fonte: Yahoo Notícias
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