Washington, 2 set (EFE).- As barreiras reprodutivas, que por muito tempo foram consideradas como a principal causa do surgimento de novas espécies de plantas e animais, poderiam ser um fator secundário, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira pela "Proceedings of the National Academy of Sciences of The United States of America".
Charles Darwin se referiu à origem das espécies como "o mistério dos mistérios", e ainda hoje, mais de 150 anos após suas pesquisas, os biólogos da evolução não sabem explicar de forma detalhada como surgem novas plantas e animais.
Durante décadas, quase todos os estudos neste campo tinham como base a teoria de que a causa principal do surgimento de espécies novas, um processo chamado "especiação", são as barreiras que interferem no processo de reprodução de populações.
Estas barreiras podem ser geográficas - por exemplo uma nova montanha, um rio ou uma geleira que separa duas populações de animais e plantas - ou diferenças genéticas que impedem que indivíduos incompatíveis produzam descendentes férteis (o cruzamento entre cavalos e asnos dá origem as mulas, que são estéreis).
Mas agora biólogos das universidades de Chicago (UC) e Michigan (UM) questionaram a teoria de que o isolamento reprodutivo impulsione a "especiação".
"Nossos resultados não sustentam esse pressuposto, e nosso estudo é, de fato, a primeira prova direta de como estas barreiras afetam a taxa de formação de espécies", afirmaram os responsáveis Daniel Rabosky da UM, e Daniel Matute, da UC.
Os dois cientistas concluíram que, se as barreiras genéticas fossem a principal causa do surgimento de novas espécies, os grupos que acumulam rapidamente esses genes também deveriam mostrar altas taxas de formação de espécies.
Os pesquisadores tentaram comprovar a ideia comparando as taxas de "especiação" com os indicadores genéticos de isolamento reprodutivo em pássaros e moscas de fruta, porque existem extensos conjuntos de dados sobre experimentos de cruzamento entre espécies dos dois tipos.
Rabosky e Matute usaram os cálculos evolucionistas de taxas de especiação em nove grupos maiores de moscas de fruta e em dois terços das espécies de pássaros conhecidas.
Eles criaram modelos por computador para realizar a comparação e os resultados foram surpreendentes.
"Não encontramos provas de que estas coisas estejam relacionadas. A taxa de surgimento das barreiras reprodutivas genéticas não prevê a taxa de formação de novas espécies na natureza", confirma o artigo publicado hoje.
"Se estes resultados fossem certos em termos mais gerais - algo que ainda não afirmamos mas suspeitamos que seja concreto - isso significaria que nosso entendimento da formação de espécies é extremamente incompleto, porque passamos muito tempo estudando algo errado devido a uma teoria equivocada", explicaram os pesquisadores.
As barreiras reprodutivas continuam a ser importantes. Todo tipo de plantas e animais vivem juntos no mesmo lugar, o que não poderia ocorrer se não houvesse barreiras reprodutivas.
Se as conclusões de Matute e Rabosky puderem ser amplamente aplicadas a outros organismos, os genes de "especiação" provavelmente desempenham um papel mínimo na formação das espécies, segundo a publicação.
Os pesquisadores especularam que a parte que falta nos estudos dessa área é, paradoxalmente, a extinção.
Alguns cientistas sugeriram que a "especiação" poderia estar limitada, primordialmente, por fatores associados com a persistência de novas espécies. Estes modelos propõem que é relativamente fácil que uma espécie se divida em outras novas, mas que a maioria delas não consegue sobreviver e se estabelecer ao longo dos períodos da escala geológica. EFE Fonte: Siga o Yahoo! Notícias no Twitter e no Facebook
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