Pois a "vida" ainda continua sendo o maior dos mistérios!
Definição convencional
Por mais simples que possa parecer, ainda é muito
difícil para os cientistas definirem vida com clareza. Muitos filósofos tentam
defini-la como um "fenômeno que anima a matéria".4
De um modo geral, considera-se tradicionalmente que
uma entidade é um ser vivo se exibe todos os seguintes fenômenos pelo menos uma
vez durante a sua existência 5 :
1. Desenvolvimento:
passagem por várias etapas distintas e sequenciais, que vão da concepção à morte.
2. Metabolismo:
absorção, transformação, armazenamento, e excreção de energia,
quer atrelada à matéria, quer não;
3. Crescimento:
absorção e reorganização cumulativa de matéria oriunda do meio; com excreção
dos excessos e dos produtos "indesejados".
4. Movimento:
em meio interno (dinâmica celular), acompanhada ou não de
locomoção no ambiente.
5. Reprodução:
capacidade de gerar entidades semelhantes a si própria.
6. Resposta a estímulos: capacidade de
"sentir" e avaliar as propriedades do ambiente e
de agir seletivamente em resposta às possíveis mudanças em tais condições.
7. Evolução:
capacidade das sucessivas gerações transformarem-se gradualmente e de
adaptarem-se ao meio.
Estes critérios têm a sua utilidade, mas a sua
natureza díspar torna-os insatisfatórios sob mais que uma perspectiva; de
facto, não é difícil encontrar contra-exemplos, bem como exemplos que requerem
maior elaboração. Por exemplo, de acordo com os critérios citados, poder-se-ia
dizer que o fogo tem
vida.
Tal situação poderia facilmente ser remediada pela
adição do requisito de limitação espacial, ou seja, a presença de algum
mecanismo que delimite a extensão espacial do ser vivo, como por exemplo a membrana celular nos
seres vivos típicos. Tal abordagem resolve o caso do fogo, contudo leva
adicionalmente a novos problemas como o de definição de indivíduo em
organismos como a maioria dos fungos e certas plantas herbáceas,
e não resolve em definitivo o problema, pois ainda poder-seia dizer que:
·
as estrelas têm
vida, por motivos ainda semelhantes aos do fogo.
·
os geodes também
poderiam ser consideradas seres vivos.
·
Vírus e
afins não são seres vivos porque não crescem e não se conseguem reproduzir fora
da célula hospedeira; caso extensível a muitos parasitas externos.
Se nos limitarmos aos organismos "convencionais",
poder-se-ia considerar alguns critérios adicionais em busca de uma definição
mais precisa:
1. Presença de componentes moleculares como hidratos de
carbono, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos.
2. Composição por uma ou mais células.
3. Manutenção de homeostase.
4. Capacidade de especiação.
Contudo, mesmos nesses casos ainda detectar-se-ia
alguns impasses. A exemplo, toda a vida na Terra se baseia na química dos
compostos de carbono,
dita química orgânica. Alguns defendem que este deve
ser o caso para todas as formas de vida possíveis no universo; outros descrevem
esta posição como o chauvinismo do carbono, cogitando, a exemplo, a
possibilidade de vida baseada em silício.
Mais definições[editar]
A definição de vida de Francisco Varela e Humberto
Maturana (amplamente usada por Lynn Margulis)
é a de um sistema autopoiético (que gera a si próprio) de base aquosa,
limites lipoproteicos, metabolismo de carbono,
replicação mediante ácidos nucleicos e
regulação proteica, um sistema de retornos negativos
inferiores subordinados a um retorno positivo superior.6
A definição de Tom Kinch é a de um sistema de auto-canibalismo altamente
organizado naturalmente emergente de condições comuns em corpos
planetários consistindo numa população de replicadores passíveis de mutação em
redor dos quais evoluiu um organismo de metabolismohomeostático que
protege os replicadores e os auxilia na sua reprodução.
Stuart Kauffman define-a como um agente ou sistema de agentes autónomos capazes de se
reproduzir e de completar pelo menos um ciclo de trabalho termodinâmico.
A definição de Robert Pirsig pode
ser encontrada no seu livro Lila: An Inquiry
into Morals, como tudo o que maximiza o seu leque de
possibilidades futuras, ou seja, tudo o que tome decisões que resultem num
maior número de futuros possíveis, ou que mantenha o maior número de opções em
aberto.
Por positivismo, bioquímicos tem definido a vida
como um conjunto de moléculas que em suas interações mútuas desenvolvem um
programa de auto-regulação cujo resultado final é a perpetuação da mesma
coleção de moléculas. Um equilíbrio dinâmico que ao trocar matéria e energia com
o meio permite a redução da entropia.7
Há possivelmente mais possibilidades de definição
de vida, uma vez que se pode conceituá-la a partir do sentido que se atribui ao
"viver".
Descendência modificada: uma
característica útil[editar]
Uma característica útil sobre a qual se pode basear
uma definição de vida é a da descendência modificada:
a capacidade de uma dada forma de vida de gerar descendentes semelhantes aos
progenitores, mas com a possibilidade de alguma variação devida ao acaso.
A descendência modificada é por si própria
suficiente para permitir a evolução,
desde que a variação entre descendentes confira diferentes probabilidades de
sobrevivência. Ao estudo desta forma de hereditariedade conforme verificada na
natureza dá-se o nome de genética.
Em todas as formas de vida conhecidas - excluídos os priões,
que não são considerados seres vivos, contudo incluídos os vírus e viróides,
de classificação ainda incerta - o material genético consiste principalmente em DNA ou no outro ácido nucleico comum, RNA.
Uma crítica a esse critério surge ao se considerar
o código de certas formas de vírus e programas
informáticos estruturados através de uma programação genética: a questão de programas
informáticos poderem ser considerados seres vivos, frente esta definição, é
certamente um assunto controverso.
Exceções à definição comum[editar]
Muitos organismos são incapazes de reproduzirem-se e
contudo são seres vivos, como as mulas e as formigas obreiras.
No entanto, estas exceções podem ser levadas em consideração aplicando a
definição de vida ao nível da espécie ou
do gene individual.
Entretanto novos questionamentos a essa abordagem são inevitáveis ao
considerarem-se temas específicos como a selecção de parentesco, que fornece informação
adicional acerca da possibilidade de indivíduos não-reprodutivos
poderem mesmo assim aumentar a dispersão dos seus genes e a sobrevivência da
sua estirpe.
Quanto aos dois casos do fogo e das estrelas encaixarem
na definição de vida, ambos podem ser facilmente remediados definindo metabolismo de
uma forma bioquimicamente mais precisa. No seu Fundamentals of
Biochemistry (ISBN
0-471-58650-1), Donald e Judith Voet definem metabolismo da
seguinte maneira:
"Metabolismo é o processo geral pelo qual os
sistemas vivos adquirem e utilizam a energia livre
de que necessitam para desempenhar as suas várias funções. Fazem-no combinando
as reações exoérgicas da oxidação de nutrientes com
os processos endoérgicos necessários para a manutenção
do estado vivo, tais como a realização de trabalho mecânico, o transporte ativo de
moléculas contra gradientes de concentração, e a biossíntese de
moléculas complexas."
Esta definição, usada pela maioria dos bioquímicos,
torna claro que o fogo não está vivo, pois liberta toda a energia oxidativa do
seu combustível em uma reação "explosiva", sob a forma de calor.
Os vírus reproduzem-se,
as chamas crescem, as máquinas movem-se, alguns programas informáticos sofrem mutações e evoluem e,
no futuro, provavelmente exibirão comportamentos de elevada complexidade;
contudo não são seres vivos via tal definição. Por outro lado, na origem da
vida, células com metabolismo mas sem sistema reprodutivo podem perfeitamente
ter existido. A maioria contudo também não considerara estas entidades como seres vivos,
e geralmente todas as cinco características devem estar presentes para que um
ser seja considerado vivo.
Definição biológica moderna[editar]
Diante desse impasse, frente à
definição mais atual e aparte as propostas não factualmente corroboradas, por
certo sabe-se que biologicamente vida é um fenômeno natural que pode ser
descrito como um processo contínuo de reações químicas metabólicas ocorrendo em
um ambiente evolutivamente estruturado de forma a tornar proprícias a
ocorrência e manutenção de tais reações; que fazem-se sempre sob controle
direto ou indireto de um grupo de moléculas especiais, os ácidos desoxiribonucleicos,
ou simplesmente DNA.
A presença de DNA ou, de forma
"equivalente", RNA, é na atualidade condição necessária à definição
de ser vivo, contudo discute-se ainda se a presença de forma potencialmente
funcional dessa molécula é ou não condição suficiente para defini-la. A
classificação dos virus como seres vivos ou não ainda encontra-se incerta.
Vida no contexto religioso[editar]
O conceito de vida é notório o
suficiente para não passar desapercebido pelos religiosos: fundamenta-se no
princípio de vida ou de existência da alma; a existência animada (do latim anima)
no caso, ou a duração da existência animada de um indivíduo ou ente.
No caso bíblico,
quanto à vida terrestre, física, as coisas que possuem vida em geral têm a
capacidade de crescimento, metabolismo, reação a estímulos externos, e
reprodução. A palavra hebraica usada na bíblia é hhai‧yím, e a palavra grega é zo‧é. A palavra hebraica né‧phesh e o termo grego psy‧khé, que significam “alma”, também são usados
para referir-se à vida, não em sentido abstrato, mas à vida como pessoa ou
animal. Compare as palavras “alma” e “vida”, segundo usadas em Jó 10:1; Sal
66:9; Pr 3:22. Segundo a bíblia, a vegetação possui vida, operando nela o
princípio de vida, mas não vida como alma. A vida no mais pleno
sentido, conforme aplicada a entes inteligentes,
é a existência perfeita com direito a ela 8 .
O conceito religioso transcende contudo
a ciência e a biologia modernas, não havendo suporte de cunho científico
moderno algum que corrobore a existência de alma. O animismo há
muito foi descartado pela ciência no caso. Fonte: Wikipédia
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