Como
se costuma acontecer com os dilemas éticos, é muito difícil emitir uma resposta
taxativa. A História mostra que o homem usa tudo o que inventa ou descobre, por
pior que seja. O grande e terrível exemplo é o da descoberta da maravilhosa
energia do átomo, que levou a construção da bomba atômica. Nenhum cientista de
renome defendeu, até agora, a clonagem de seres humanos, mas quem estuda a
história da ciência sabe que cedo ou tarde um xerox de carne e osso brotará num
laboratório.
Já
existe uma empresa que cadastra interessados em ter um clone para um futuro
transplante de rim
"É
ridículo pensar que não é possível clonar seres humanos", afirma o
americano Don Wolf, dedicado a pesquisas de clonagem no Centro de Primatas do
Oregon. "Se é que já não foi feito", disse Wolf ao jornal O Globo. A
rigor, já foi feito, não com a cenografia espetacular da ovelha Dolly, mas com
o recato de uma experiência até hoje confinada no laboratório. Em 1992, dois
biólogos da Universidade George Washington, Jerry Hall e Robert Stillman,
clonaram 48 embriões humanos, mas lhes deram apenas seis dias de vida. Ou seja,
os criadores exterminaram a criatura antes que ela se tornasse um feto.
O
feito de Hall e Stillman parece ter sido o limite aceito pela Comissão Nacional
de Bioética dos Estados Unidos, criada pelo presidente Bill Clinton para
apresentar sugestões sobre os dilemas suscitados pela técnica da clonagem.
Instruído pela Comissão, Clinton mandou um projeto de lei ao Congresso
autorizando a clonagem de embriões, tal como fizeram Hall e Stillman, mas
proibindo a implantação os embriões em mulheres. "Não há nada de imoral em
usar a clonagem em benefício da humanidade, mas é inconcebível cogitar o
nascimento de crianças clonadas", disse Clinton.
Na
prática, o governo americano quer considerar ilegal a clonagem de humanos. O
projeto de Clinton, que está em debate no Congresso, nega verbas para as
pesquisas e propõe multa de 250 000 dólares para o cientista que empreender a
experiência. No Brasil, um projeto um projeto de clonagem só poderia ser feito
com a autorização da Comissão de Biossegurança.
Até
agora falamos de cientistas que, bem ou mal, podem ser controlados. Mas um dos
efeitos negativos de Dolly foi despertar o Dr. Maluco. Ele responde pelo nome
de Marc Riyard, é biólogo e vive em Montreal, no Canadá, onde integra o
Movimento Religioso Raelian. O pessoal do Raelian fundou uma empresa com sede
nas Bahamas, paraíso fiscal em vias de tornar-se também paraíso genético. A empresa
oferece um serviço chamado Clonaid, capaz de satisfazer fantasias derivadas de
Dolly - dos pais que pensariam em clonar um filho em coma ao milionário que
gostaria de ter um clone no congelador para abastecer-se quando precisasse de
um rim.
Segundo
a Clonaid, milhares de pessoas já se inscreveram para obter um clone. O preço:
200.000 dólares.
Fonte: www.edms.kit.net
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