sexta-feira, 27 de março de 2015

Pensamentos suicidas podem ofuscar todo o resto, explica psiquiatra

Monolito nos Alpes franceses em memória das vítimas da tragédia com o avião da Germanwings

No caso de algumas pessoas, as ideias suicidas são tão fortes que anulam todo o resto, e é possível que seu comportamento não revele sinais, explica o psiquiatra francês Bernard Granger, ao comentar a hipótese de suicídio do copiloto do avião da Germanwings, Andreas Lubitz.
Professor de Psiquiatria da Universidade René Descartes de Paris, Bernard Granger é diretor do serviço psiquiátrico do hospital Tarnier (Cochin) da capital francesa.
AFP: O que poderia levar um piloto a cometer suicídio?
GRANGER: "É muito difícil responder porque nunca tive este senhor (o copiloto) na minha frente. Sempre é possível fazer mil conjecturas. Não sabemos se havia tomado substâncias, se sua namorada o havia abandonado na véspera, se tinha antecedentes psiquiátricos ocultos, se teve um impulso, se tinha problemas há algum tempo ou se, ao contrário, aconteceu algo brutal com ele. É impossível apresentar a mínima hipótese na medida em que não se tem nada tangível, exceto que se trancou na cabine e realizou uma manobra para que o avião caísse".
AFP: O que se pode dizer de quem comete suicídio e provoca a morte de outras pessoas?
GRANGER: "Se fosse um caso simples, ele teria se suicidado de outra forma. Sofria de delírios subjacentes? Em casos de melancolia delirante, pode existir a noção de 'suicídio altruísta'. Acreditam que o mundo é tão assustador que, para salvar os outros deste mundo assustador, também os matam. Mas o caso clássico de 'suicídio altruísta' é o da pessoa que mata a família e depois se mata. Isto não se enquadra muito nesta história".
"Às vezes a ideia suicida é tão forte que leva tudo pela frente. Mas existem tantas variantes possíveis nas condutas suicidas. No momento, a única coisa que posso dizer é que não é possível adiantar nada do ponto de vista psicopatológico".
AFP: Este tipo de comportamento é previsível?
GRANGER: "Não necessariamente. Muitas pessoas que cometem suicídio apresentaram antes um comportamento perfeitamente normal. Geralmente nada permite prever. Muitos suicídios são improvisados, imprevisíveis. Respondem a impulsos".
"Com frequência, uma pessoa deprimida que decidiu pelo suicídio sente uma espécie de alívio antecipado. Então se comporta de forma paradoxal a respeito do que vai acontecer e adota uma atitude aparentemente normal antes de passar ao ato". Fonte> Siga o Yahoo Notícias no Twitter e no Facebook 

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