sábado, 14 de março de 2015

África do Sul realiza com sucesso primeiro transplante de pênis

O professor Andre van der Merwe, chefe do departamento de cirurgia reconstrutiva da Universidade de Stellenbosch, é visto em 13 de março de 2015
Uma equipe de médicos sul-africanos anunciou nesta sexta-feira ter conseguido realizar com sucesso o primeiro transplante de pênis, três meses após a operação.
"Tenho o privilégio de ter participado deste primeiro transplante bem sucedido no mundo", declarou o professor Frank Graewe, chefe do departamento de cirurgia reconstrutiva da Universidade de Stellenbosch (sudoeste).
Um outro transplante de pênis já havia sido realizado na China em 2006. Apesar do sucesso cirúrgico da operação, o órgão teve que ser retirado em razão de "problemas psicológicos do paciente".
Três meses depois, o paciente sul-africano, de 21 anos, recuperou todas as funções urinárias e reprodutivas do órgão, explicou o professor.
O pênis do jovem teve que ser amputado há três anos, após uma infecção causada por uma circuncisão mal realizada durante uma tradicional cerimônia africana.
O paciente foi operado no hospital Tygerberg, da Cidade do Cabo, durante nove horas, em 11 de dezembro. O pênis transplantado foi retirado de um doador já falecido, cuja família foi cumprimentada pela equipe médica.
"Nós provamos que é possível. Podemos dar a alguém um órgão tão bom quanto o que ele tinha antes", garantiu o professor Graewe, em comunicado.
Esta operação terá especial repercussão na África do Sul, onde este tipo de acidente durante cerimônias de iniciação são frequentes.
A circuncisão tradicional, por ablação do prepúcio, ocorre geralmente no final da adolescência em várias culturas sul-africanas, após um período de iniciação no coração da floresta.
"Um teste de coragem e estoicismo", explicou, em suas memórias, o falecido presidente sul-africano Nelson Mandela.
'Doador salvou várias vidas'
A cada ano, o país lamenta um certo número de mortos e mutilados.
Entre 2008 e 2013, 486 jovens morreram após ritos de passagem para a vida adulta, o mais frequente por infecções ou gangrenas consecutivas à circuncisão. Alguns sobrevivem, mas mutilados para sempre.
"Há uma grande necessidade para este tipo de operação na África do Sul do que em qualquer outro lugar do mundo", admitiu o professor Andre van der Merwe, membro da equipe cirúrgica e chefe do departamento de urologia de Stellenbosch.
"Nosso objetivo era torná-lo totalmente funcional depois de dois anos, e estamos muito surpresos com esta recuperação rápida", disse ele sobre o seu paciente.
"Para um jovem de 18 ou 19 anos, a perda de seu pênis pode ser um trauma profundo", disse o professor. Nessa idade, a vítima "pode não ter a capacidade psicológica para lidar com o acidente. Temos relatos de suicídios entre esses jovens".
Em declarações à imprensa, o professor van der Merwe declarou que o "herói" desta história foi um doador e sua família.
"Ele salvou muitas vidas, porque doaram [seu] coração, pulmões, rins, fígado, pele, córnea e pênis", explicou.
Os cirurgiões da Universidade de Stellenbosch procuravam há muito tempo um doador compatível, como parte de um projeto-piloto para desenvolver os transplantes de pênis.
A equipe agora planeja realizar nove transplantes.
A África do Sul é, historicamente, um dos países pioneiros em cirurgias de transplante. O primeiro transplante de coração da história foi realizado na Cidade do Cabo em 1967 pelo professor Chris Barnard.
Algumas das técnicas utilizadas para este transplante de pênis, no entanto, foram adaptadas de técnicas utilizadas na França em 2005 para o primeiro transplante de rosto, revelou a equipe de Stellenbosch. Fonte: Siga o Yahoo Notícias no Twitter e no Facebook 

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