Quem nunca passou do limite em uma refeição e enfiou os dois pés na jaca por estar ansioso ou simplesmente por não resistir a mais uma porção daquela comida incrível? Mas nem sempre esses abusos são episódios isolados. Quando passam a acontecer com frequência, podem estar associados a um caso de compulsão ou, como é chamado pelos médicos, ao Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP).
Comer bacon pode?!
Para entender mais sobre o assunto, o AreaH consultou o coordenador do Grupo de Estudosem Comer Compulsivo e Obesidade do Programa de Transtornos Alimentares, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Dr. Alexandre Pinto de Azevedo. Entenda.
Como definir um comedor compulsivo?
Tecnicamente, a definição de um episódio de compulsão alimentar é a ingestão de uma grande quantidade de alimentos (maior que a maioria das pessoas consumiria em período similar), em curto período de tempo, com a sensação de falta de controle sobre o consumo alimentar - um sentimento de não conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come.
Para ser considerada patologia, a compulsão alimentar deve ocorrer pelo menos dois dias por semana durante seis meses.
Qual é a causa?
Trata-se de uma doença de causa multifatorial, ou seja, quando há interação entre fatores genéticos, biológicos, sociais, familiares, psicológicos e ambientais. Pode-se dizer que provavelmente o indivíduo nasce com uma predisposição para desevolver a doença e, em algum momento da vida, determinado pelos fatores já listados, a doença/enfermidade se manifeste.
Condições positivas, como uma promoção no trabalho, casamento, nascimento de filhos, também podem promover um estresse psicológico em um indivíduo predisposto e desencadear a doença.
Usualmente, inicia-se entre os 20 e 30 anos, embora seja possível identificar seus sintomas em crianças menores de 10 anos. E pode ocorrer na ausência de qualquer outro transtorno psiquiátrico. Contudo, cerca de 50% destes indivíduos apresentam, associado à compulsão alimentar, depressão e/ou ansiedade.
Características
Uma característica importante é que os portadores se sentem extremamente envergonhados em admitir que perdem o controle, pois são taxados como fracos, sem “força de vontade” e relaxados. Os indivíduos portadores de comer compulsivo costumam ser ansiosos, apresentando baixa autoestima, dificuldades em expor suas ideias e crenças, além de ter baixa tolerância à frustração.
É comum os episódios de compulsão alimentar serem secundários a eventos de estresse no ambiente familiar, social ou profissional. Contudo, nem sempre é possível identificar o fator desencadeador da compulsão. Seus portadores passam a evitar o convívio social, por uma insatisfação com sua aparência, comem sozinhos e muitas vezes escondidos (por exemplo, a noite quando todos estão dormindo), fazem dietas inadequadas na tentativa de controlar seu descontrole e, muitas vezes, buscam tratamento médico para perda de peso sem revelar que são portadores de TCAP.
Não é só junk food
Ao contrário do que se imagina, nem todos os comedores compulsivos ingerem exclusivamente alimentos ricos em gorduras e açúcares (chocolates, tortas, brigadeiro, sorvete, etc.) em situações de descontrole. Alguns apresentam compulsão por frutas e alimentos saudáveis e outros apresentam compulsão por salgados.
Em geral, no entanto, a preferência é por alimentos hipercalóricos, ricos em açúcar e gorduras, devido ao sabor mais agradável. Além disso, parece que a sensação de recompensa e prazer provocada por estes alimentos é superior a outros alimentos, tornando-os escolha frequente.
Não é como o alcoolismo
Não é raro os comedores compulsivos dizerem que são, por exemplo, “chocólatras” ou dependentes de carboidratos, mas, dependência, do ponto de vista médico, tem outro conceito; refere-se ao uso de substâncias que podem causar dependência de fato e associado à síndrome de abstinência, comum nos etilistas abusivos e usuários de drogas.
Não existem alimentos capazes de causar dependência nesse sentido de compulsão, sejam ricos em carboidratos ou não.
Tratamento
Por ser uma doença multifatorial, o tratamento é multidisciplinar e deve envolver nutricionista, psicólogos e psiquiatras. O tratamento é conduzido pelo psiquiatra que deve fazer diagnóstico do transtorno alimentar, assim como de outros transtornos associados. A reeducação alimentar é a chave para o tratamento e a psicoterapia irá auxiliar na identificação dos fatores desencadeadores da doença e mudanças nos padrões de comportamento que favorecem sua continuidade.
Inibidores de apetite não são utilizados no tratamento do Comer Compulsivo. Mas é recorrente o uso de medicamentos que favorecem o controle alimentar, ou seja, promovem equilíbrio entre a sensação de fome e a saciedade, como a sibutramina, associados aos antidepressivos e estabilizadores do humor.
Comer bacon pode?!
Para entender mais sobre o assunto, o AreaH consultou o coordenador do Grupo de Estudos
Como definir um comedor compulsivo?
Tecnicamente, a definição de um episódio de compulsão alimentar é a ingestão de uma grande quantidade de alimentos (maior que a maioria das pessoas consumiria em período similar), em curto período de tempo, com a sensação de falta de controle sobre o consumo alimentar - um sentimento de não conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come.
Para ser considerada patologia, a compulsão alimentar deve ocorrer pelo menos dois dias por semana durante seis meses.
Qual é a causa?
Trata-se de uma doença de causa multifatorial, ou seja, quando há interação entre fatores genéticos, biológicos, sociais, familiares, psicológicos e ambientais. Pode-se dizer que provavelmente o indivíduo nasce com uma predisposição para desevolver a doença e, em algum momento da vida, determinado pelos fatores já listados, a doença/enfermidade se manifeste.
Condições positivas, como uma promoção no trabalho, casamento, nascimento de filhos, também podem promover um estresse psicológico em um indivíduo predisposto e desencadear a doença.
Usualmente, inicia-se entre os 20 e 30 anos, embora seja possível identificar seus sintomas em crianças menores de 10 anos. E pode ocorrer na ausência de qualquer outro transtorno psiquiátrico. Contudo, cerca de 50% destes indivíduos apresentam, associado à compulsão alimentar, depressão e/ou ansiedade.
Características
Uma característica importante é que os portadores se sentem extremamente envergonhados em admitir que perdem o controle, pois são taxados como fracos, sem “força de vontade” e relaxados. Os indivíduos portadores de comer compulsivo costumam ser ansiosos, apresentando baixa autoestima, dificuldades em expor suas ideias e crenças, além de ter baixa tolerância à frustração.
É comum os episódios de compulsão alimentar serem secundários a eventos de estresse no ambiente familiar, social ou profissional. Contudo, nem sempre é possível identificar o fator desencadeador da compulsão. Seus portadores passam a evitar o convívio social, por uma insatisfação com sua aparência, comem sozinhos e muitas vezes escondidos (por exemplo, a noite quando todos estão dormindo), fazem dietas inadequadas na tentativa de controlar seu descontrole e, muitas vezes, buscam tratamento médico para perda de peso sem revelar que são portadores de TCAP.
Não é só junk food
Ao contrário do que se imagina, nem todos os comedores compulsivos ingerem exclusivamente alimentos ricos em gorduras e açúcares (chocolates, tortas, brigadeiro, sorvete, etc.) em situações de descontrole. Alguns apresentam compulsão por frutas e alimentos saudáveis e outros apresentam compulsão por salgados.
Em geral, no entanto, a preferência é por alimentos hipercalóricos, ricos em açúcar e gorduras, devido ao sabor mais agradável. Além disso, parece que a sensação de recompensa e prazer provocada por estes alimentos é superior a outros alimentos, tornando-os escolha frequente.
Não é como o alcoolismo
Não é raro os comedores compulsivos dizerem que são, por exemplo, “chocólatras” ou dependentes de carboidratos, mas, dependência, do ponto de vista médico, tem outro conceito; refere-se ao uso de substâncias que podem causar dependência de fato e associado à síndrome de abstinência, comum nos etilistas abusivos e usuários de drogas.
Não existem alimentos capazes de causar dependência nesse sentido de compulsão, sejam ricos em carboidratos ou não.
Tratamento
Por ser uma doença multifatorial, o tratamento é multidisciplinar e deve envolver nutricionista, psicólogos e psiquiatras. O tratamento é conduzido pelo psiquiatra que deve fazer diagnóstico do transtorno alimentar, assim como de outros transtornos associados. A reeducação alimentar é a chave para o tratamento e a psicoterapia irá auxiliar na identificação dos fatores desencadeadores da doença e mudanças nos padrões de comportamento que favorecem sua continuidade.
Inibidores de apetite não são utilizados no tratamento do Comer Compulsivo. Mas é recorrente o uso de medicamentos que favorecem o controle alimentar, ou seja, promovem equilíbrio entre a sensação de fome e a saciedade, como a sibutramina, associados aos antidepressivos e estabilizadores do humor.
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