Um grupo internacional de cientistas propõe manipular geneticamente o vírus da gripe aviária A(H7N9) para desenvolver medidas mais eficazes contra uma pandemia potencialmente devastadora, revelou um estudo divulgado esta quarta-feira nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Este vírus, particularmente contagioso, apareceu na China no começo da primavera passada no hemisfério norte e infectou neste país 130 pessoas, 43 das quais morreram.
Nesta terça-feira, um estudo publicado na revista British Medical Journal falava do primeiro caso de transmissão entre pessoas do H7N9 na China. As duas pessoas infectadas, pai e filha, morreram. Além disso, o vírus mostrou sinais de resistência aos principais antivirais.
A epidemia agora está sob controle graças ao fechamento de vários mercados de aves de criação, a principal fonte de infecção, e pelo fato de as temperaturas serem muito elevadas no verão.
Mas o vírus pode ressurgir no inverno, com a capacidade potencial de ser transmitido por via aérea entre seres humanos, explicaram os cientistas em carta publicada nas revistas americana Science e britânica Nature.
Os cientistas, em especial o virologista holandês Ron Fouchier (Roterdã) e o americano Yoshihiro Kawaoka, da Universidade de Wisconsin-Madison, descrevem o método que usariam para decodificar em laboratório o processo molecular chave no H7N9 com manipulações genéticas e criar desta forma um vírus mutante mais agressivo, resistente aos antivirais ou capaz de ser transmitido de pessoa a pessoa.
Com estas experiências, esperam "encontrar o que torna este agente patogênico potencialmente mortal para o homem e como deter sua propagação".
Eles explicam que neste caso, os estudos epidemiológicos clássicos e a vigilância não dão tempo suficiente às autoridades sanitárias para elaborar uma resposta eficaz a uma eventual pandemia.
Controles suplementares
Os cientistas também destacam que tomarão as precauções necessárias para trabalhar com vírus modificados geneticamente e respeitarão os estritos regulamentos postos em marcha na questão em 2012 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Estados Unidos para trabalhos polêmicos sobre o vírus da gripe H5N1.
O doutor Fouchier e seu colega, Yoshihiro Kawaoka, tinham criado cada um um vírus mutante H5N1 da gripe, capaz de ser transmitido entre mamíferos. Em 2011, autoridades americanas bloquearam a publicação de seus estudos durante meses, por medo de uma ameaça bioterrorista ou que o vírus escapasse do laboratório.
Um grupo de 40 cientistas aceitou uma moratória sobre este tipo de trabalho, que foi levantada este ano.
Os cientistas destacam em sua carta que a controvérsia suscitada pelos pesquisadores sobre o vírus mutante H5N1 "foi saudável porque relança o diálogo sobre a segurança sanitária dos laboratórios e sobre o uso duplo das pesquisas" civis e militares.
Nos Estados Unidos foram impostos, ainda, controles suplementares para minimizar os riscos nos laboratórios, afirmaram.
Em uma correspondência publicada esta quarta-feira, o Departamento de Saúde dos Estados Unidos indicou que todas as pesquisas que financiam e visam a criar um vírus H7N9 capaz de ser transmitido entre mamíferos por via aérea serão objeto de maior controle. Fonte: yahoo notícias
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