quarta-feira, 15 de maio de 2013

Cientistas descobrem benefícios das bactérias para a saúde


Estudos indicam que as bactérias podem trazer benefícios. (Foto: EFE)










Apesar de levarem má fama, as bactérias podem ajudar a combater a desnutrição infantil, tratar doenças respiratórias, prevenir o diabetes, ser fonte de energia para robôs espaciais e até investigar a possível existência de vida em outros planetas.

Embora sejam invisíveis aos olhos humanos, os benefícios dos  microorganismos unicelulares que medem milésimos de milímetros e têm diversas formas, como esferas, barras e hélices, estão sempre em nossas vidas.

As bactérias  "estão por todo o nosso corpo: vivem em nosso intestino, em nosso nariz, em nossa garganta. Estão no chão, na água que bebemos, em rios, no mar. A maioria delas é inofensiva", lembra Begoña Oleaga, especialista em biotecnologia aplicada aos alimentos.

Em um trabalho apresentado na Universidade Nacional de Educação a Distância, (Uned -Espanha) Begoña conclui que, em geral, há "mais bactérias benéficas que patogênicas". Elas, por exemplo, "colonizam o alimento e previnem que as bactérias patogênicas cresçam, e algumas produzem toxinas químicas para prevenir o crescimento microbiano".

Além de serem importantes  ingredientes de receitas, algumas bactérias como o lactobacilo e as bifidobactérias – encontrados em leites fermentados, iogurtes e em outros alimentos probióticos – ajudam a aliviar cólicas, amenizar os sintomas do intestino sensível e dos transtornos digestivos associados ao estresse, e previnem algumas alergias.

Ao estudar em Malauí (África), as razões pelas quais a desnutrição afeta de maneira desigual crianças menores de cinco anos, cientistas da Universidade de Washington em Saint Louis (WUSL), descobriram  que, além da falta de comida, existe outro fator extraordinário que explica a diferença.

O diferencial entre crianças abaixo dos cinco anos e outras maiores são as bactérias que vivem em grande quantidade no intestino humano, cumprindo importantes funções na digestão e na absorção dos nutrientes.

Os pesquisadores americanos constataram que o estado das bactérias que vivem no intestino das crianças desnutridas e a desnutrição pioram proporcionalmente, segundo  o estudo, publicado pela revista científica "Materia".

Em pesquisas com ratos, os cientistas  da WUSL confirmaram  que o efeito combinado de uma dieta pobre e uma flora intestinal deteriorada afeta o metabolismo e a capacidade de adquirir nutrientes, por isso –  na opinião dos especialistas –  para ajudar a atenuar o problema seria preciso criar suplementos alimentícios para reparar a flora intestinal, e inclusive  introduzir bactérias beneficentes na flora das crianças desnutridas.

Bactérias existentes em alimentos também podem ajudar no combate de doenças. (Foto: EFE)

Benefícios da flora intestinal 

Além disso, as bactérias intestinais podem prevenir o diabetes, por produzirem substâncias bioquímicas e hormônios que detêm o desenvolvimento da doença, segundo uma pesquisa conjunta na qual  participaram cientistas japoneses, coordenada pelos professores Jayne Danska, do Hospital para Crianças Doentes da Universidade de Toronto (Canadá), e Andrew Macpherson, da Clínica de Cirurgia Gastrointestinal da Universidade de Berna (Suíça).

O estudo foi realizado com ratos de laboratório, mas levando em conta que esses roedores têm alguns genes em comum com os seres humanos propensos a ter diabetes, é possível que seus resultados tenham aplicação nas pessoas. 

Em pesquisas no futuro, "esperamos que a nova compreensão de como as bactérias intestinais podem proteger crianças suscetíveis a desenvolver diabetes nos permita desenvolver novos tratamentos para evitar que desenvolvam a doença", disse o professor Macpherson.

Em outra área, pesquisadores da Universidade da Flórida (UFL), nos EUA, descobriram que uma bactéria muito comum  possui resistência e capacidade de adaptação extraordinárias, já que seria capaz de sobreviver em Marte, apesar das baixas pressões e da congelante atmosfera de dióxido de carbono do Planeta Vermelho.

A bactéria Serratia liquefaciens pode viver na pele, no pelo e nos pulmões das pessoas, assim como em peixes, ecossistemas aquáticos, folhas e raízes de várias plantas e "está presente em uma vasta gama de nichos ecológicos de temperaturas médias", segundo o microbiólogo Andrew Schuerger, da UFL.

A busca em nosso planeta por micróbios que possam sobreviver, crescer e se desenvolver em Marte é um importante objetivo científico, porque ajudaria a descobrir se o planeta que mais se assemelha à Terra tem ou teve os ingredientes necessários para que se desenvolvesse alguma forma de vida.

Rumo a outros mundos

"Na busca de vida em outros planetas,  temos que começar por algo a que tenhamos acesso,  por isso tentamos investigar se alguns de nossos microorganismos têm a capacidade de sobreviver em outros lugares", explicou Schuerger. 

Além de ajudar a investigar a possível vida em outros planetas, as bactérias podem contribuir para explorá-los,  como demonstra um projeto da Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço, Nasa, dos Estados Unidos, que propôs desenvolver uma nova geração de robôs espaciais que utilizem bactérias como fonte de energia.

Segundo os especialistas da agência espacial americana, as bactérias seriam capazes de sustentar uma pequena sonda robótica durante muito tempo, se estiverem bem alimentados.
Os primeiros protótipos com essa tecnologia que está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Investigação Naval (NRL) americano, estão utilizando o micróbio Geobacter sulfurreducens, que não precisa de oxigênio para sobreviver (é anaeróbio).

Quando se utilizam bactérias no espaço é preciso levar "sempre em conta" a possibilidade de que contaminem ambientes extraterrestres, embora a iniciativa "tenha um grande potencial a longo prazo para as aplicações espaciais e para a robótica", defendeu  o professor Gregory Scott, do NRL.

Por sua vez, o Conselho Europeu de Pesquisa (ERC) está apoiando o projeto "Mico pLung" do Centro de Regulação Genômica (CRG) de Barcelona, para aplicar na medicina o uso de bactérias modificadas geneticamente para curar doenças, em vez de causá-las.

O projeto "Mico pLung", coordenado pelo pesquisador Luis Serrano, do CRG, procura desenvolver novas possibilidades para o tratamento de doenças respiratórias e do trato genital baseando-se no uso de bactérias que atuem como vetores, ou seja como meio de transporte de elementos curativos ao interior do organismo.

Esses trabalhos se baseiam em outro estudo do doutor Serrano: a iniciativa CellDoctor (Doutor Célula), que permitiu conhecer a fundo uma bactéria para poder manipulá-la geneticamente e conseguir, com o tempo, que sirva para curar, de dentro, nossas células doentes. Fonte: yahoo notícias

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