Como os pássaros encontram seu caminho em meio a oceanos extensos? Nesta quarta-feira pesquisadores publicaram uma possível explicação na revista da Royal Society britânica: seu GPS é o nariz.
Enquanto os seres humanos podem se perder no espaço de dois segundos e a dois passos da casa, as aves marinhas voam por dias e noites sobre os oceanos, encontram sua refeição favorita e retornam para o seu ninho sem nunca se perder.
Estudos prévios já demonstraram a capacidade dessas aves para localizar suas colônias de reprodução, muitas vezes localizadas em pequenas ilhas perdidas no mar, graças a odores transportados pelo vento.
Pesquisadores ingleses, italianos e portugueses avançaram um pouco mais na solução deste mistério que fascina cientistas há décadas: as aves marinhas, como os albatrozes, os petréis e as pardelas usam algum tipo de odor para se orientar através da imensidão azul sem referência visual.
Os cientistas analisaram os modelos de voo de 210 aves pertencentes a três espécies de cagarras, com a ajuda de gravadores de GPS durante o período de incubação e criação dos filhotes.
Com base nessas análises de voo e dados estatísticos, os pesquisadores demonstram que as aves marinhas são guiadas por seu sentido de cheiro e navegam usando uma imagem mental de cheiros locais, transportados pelos ventos locais.
"O acordo entre as previsões teóricas e as observações foram chocantes, uma grande surpresa", explicou à AFP o britânico Andrew Reynolds do Instituto de Pesquisas Rothamsted, um dos principais autores deste trabalho.
O dimetilssulfito -- que vem em grande parte do plâncton em suspensão na água -- ou de outros odores típicos dos locais podem formar uma paisagem olfativa. E essas aves, que vivem um longo tempo, pode aprender a memorizar esses cheiros.
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