Os tentilhões de Charles Darwin (1809-1882), que habitam as Ilhas Galápagos e a Ilha dos Cocos, no Oceano Pacífico, constituem um modelo icônico para os estudos da seleção natural e da evolução adaptativa das espécies.
A pesquisa, liderada por Leif Andersson, professor da Universidade de Uppsala, na Suécia, foi publicada um dia antes do aniversário de Darwin, que nasceu em 12 de fevereiro de 1809.
O estudo revela "uma nova perspectiva quanto às relações genéticas entre as diferentes espécies de tentilhões, a importância da hibridação e a primeira informação relativa a genes que contribuíram para a evolução destas aves", segundo afirmou Andersson à Agência Efe.
Há quase 200 anos, Darwin descobriu esses animais em suas longas viagens com o navio "Beagle" e, desde então, os tentilhões evoluíram em 15 espécies conhecidas que se diferenciam em tamanho, forma do bico, canto e sua conduta alimentar.
O conhecimento que se tinha até o momento é de que existiam 15 espécies divididas em quatro gêneros (Geospiza, Camarhynchus, Cactornis e Certhidea), sendo 14 nas Ilhas Galápagos e uma na ilha dos Cocos.
"Neste estudo, analisamos a taxionomia dos tentilhões e agora propomos que deveriam ser 18 espécies de aves, em vez de 15, como se achava até agora", disse Andersson.
A conclusão seguinte à que os cientistas chegaram com o estudo, segundo Andersson, é que "o fluxo de genes entre as espécies desempenhou um papel importante na evolução dos tentilhões de Darwin. Alguns têm ascendência mista".
"Identificamos o gene AXL1 e podemos afirmar que ele contribuiu para a diversificação da forma do bico entre as espécies e, portanto, a uma utilização mais ampla dos recursos alimentícios por parte destas aves", explicou.
A pesquisa consistiu em sequenciar o genoma completo de 120 aves, incluindo todas as espécies conhecidas de tentilhões de Darwin e duas bem próximas.
Depois foi identificado um total de 43 milhões de polimorfismos (variação na sequência de uma determinado parte do DNA entre os indivíduos de uma população) e essa informação foi utilizada para estudar suas relações genéticas e de evolução.
"Comparamos quatro espécies estreitamente relacionadas com os tentilhões de Darwin, duas com bicos bruscos e duas com bicos pontiagudos, e buscamos aquelas regiões onde as duas espécies de bico brusco foram muito similares entre si, mas notavelmente diferentes às dos bicos pontiagudos", explicou Andersson.
"Foram identificadas 15 regiões possíveis no genoma e a região que abrigava o gene ALX1 mostrou a associação mais forte", disse Andersson.
Quando obtiveram esses dados, os cientistas ampliaram a análise e envolveram todas as espécies e os estudos proporcionaram "provas convincentes" que este gene tem um papel importante no desenvolvimento do bico dos tentilhões.
"A descoberta mais emocionante e significativa foi que a variação genética deste gene se associa à variação da forma do bico, não só entre espécies de tentilhões de Darwin, mas também no tentilhão terrestre de bico médio", disse.
O tentilhão terrestre de bico médio, do gênero Geospiza Fortis, foi uma espécie que mostrou rápida evolução na forma do bico em resposta às mudanças ambientais, por isso o estudo se mostra importante.
A diversidade fenotípica mais surpreendente entre os tentilhões de Darwin é a variação de tamanho e forma dos bicos, característica que Charles Darwin estudou a fundo e comparou com as variedades de aves europeias.
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