A disseminação do Ebola para os Estados Unidos é "inevitável" devido à natureza das viagens aéreas internacionais, mas a ocorrência de um surto não deve ser ampla, alertou uma autoridade de saúde americana nesta quinta-feira.
Um homem com dupla cidadania americana e liberiana morreu vítima de Ebola, após adoecer a bordo de um avião que fazia o trajeto entre Monróvia e Lagos e expôs outras sete pessoas à doença na Nigéria.
Mais casos de Ebola cruzando as fronteiras por via aérea são esperados, à medida que o oeste da África enfrenta a maior epidemia de febre hemorrágica da história, afirmou Tom Frieden, diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA.
O vírus é passado pelo contato próximo com fluidos corporais. Mais de 930 pessoas morreram e cerca de 1.700 foram infectadas desde março passado em Serra Leoa, Guiné e Libéria.
"É certamente possível que possamos ter pessoas doentes nos Estados Unidos que desenvolvam Ebola após terem sido expostas (ao vírus) em outro lugar", disse Frieden durante audiência no Subcomitê da Câmara de Representantes sobre a África, Saúde Global, Direitos Humanos Globais e Organizações Internacionais.
"Estamos todos conectados e, inevitavelmente, haverá viajantes, cidadãos americanos e outros vindos destes três países - ou de Lagos, se a doença não for controlada - e estão aqui com sintomas", afirmou.
"Mas estamos confiantes de que não haverá uma grande epidemia de Ebola nos EUA", acrescentou.
Não há tratamento ou vacina contra o Ebola, mas a doença pode ser contida se os pacientes forem isolados rapidamente e medidas protetoras adequadas forem adotadas, continuou.
Trabalhadores da área de saúde que tratam de pacientes com Ebola devem usar óculos, máscaras faciais, luvas e roupas protetoras, segundo as diretrizes dos CDC.
- Falta de equipamento -
Apesar disso, Ken Isaacs, vice-presidente de relações de programa e governo do grupo de assistência cristão Samaritan's Purse alertou que, infelizmente, o mundo é incapaz de conter a disseminação do Ebola.
"Está claro que a doença está fora de controle e sem contenção no oeste da África", afirmou na audiência.
"A resposta internacional à doença tem sido um fracasso", prosseguiu.
A Samaritan's Purse organizou a retirada do médico americano Kent Brantly e, dias depois, da missionária Nancy Writebol, de Monróvia para um sofisticado hospital de Atlanta.
Ambos se contaminaram e ficaram doentes com Ebola enquanto tratavam de pacientes infectados na capital liberiana e seu estado de saúde agora está melhorando.
"Uma das coisas que reconheci durante a retirada do nosso pessoal é que só há um avião no mundo com uma câmara para transportar uma vítima de doença de patógeno de nível quatro", afirmou Isaacs, referindo-se ao nível máximo de biossegurança exigida para lidar com micróbios considerados altamente perigosos.
Ele também afirmou que os equipamentos protetores para o pessoal da saúde são difíceis de encontrar na Libéria e alertou para o risco particular dos beijos de despedida dados nos corpos durante os ritos funerários.
"Horas depois da morte por Ebola é quando o corpo está mais infeccioso porque está carregado com o vírus", explicou.
"Todo mundo que toca o cadáver representa uma nova infecção", concluiu.
- Casos de viajantes -
O Ebola pode provocar febre, dores musculares, vômitos, diarreia e hemorragias. Esta epidemia tem sido fatal em cerca de 55% dos casos.
No mês passado, Patrick Sawyer, um funcionário do Ministério liberiano das Finanças, naturalizado americano, levou o vírus para Lagos, na Nigéria.
Sawyer tinha chegado à Nigéria passando por Lomé, capital do Togo, e estava visivelmente doente ao desembarcar no aeroporto internacional de Lagos, em 20 de julho.
Ele morreu durante quarentena, em 25 de julho.
Sete pessoas que tiveram contato próximo com Sawyer ficaram doentes com Ebola, afirmou o ministro nigeriano da Saúde, Onyebuchi Chukwu.
Um deles, uma enfermeira, morreu na terça-feira.
Frieden disse que ajudar os países do oeste africano a fazer triagem nos passageiros que estão saindo dos aeroportos poderia ajudar a conter o vírus.
Um cidadão saudita, que tinha viajado recentemente a Serra Leoa e apresentou sinais similares aos sintomas do Ebola morreram na quarta-feira de ataque cardíaco, mas autoridades de Riad não revelaram os resultados dos exames de Ebola feitas no homem.
Em Nova York, um paciente suspeito, teve exames de detecção da doença negativos.
Enquanto isso, Benin, que divide a fronteira com a Nigéria, informou que está realizado testes em duas pessoas suspeitas de terem contraído o Ebola. De acordo com autoridades, os dois pacientes estão sendo mantidos em isolamento.
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