Foto: cerradobears.com.b
Calcula-se que até 2015 uma em cada dez pessoas será gorda. Mas engordamos porque nosso organismo gasta pouca energia, ou porque proporcionamos a nosso corpo muita comida?
Embora uma das razões mais utilizadas para explicar o aumento na quantidade de pessoas obesas, sobretudo nos países desenvolvidos, seja o estilo de vida sedentário, um estudo recente demonstra que a principal causa da atual epidemia mundial de obesidade se deve ao consumo excessivo de alimentos.
Esta é só uma das lacunas de informação, mitos ou confusões que existem na maioria das pessoas em relação à obesidade e que, em muitos casos, impedem de combatê-la eficazmente ou, inclusive, a encorajam. Para emagrecer, ou pelo menos não engordar, convém conhecê-las e esclarecê-las.
Segundo uma das teorias mais frequentes, a crescente obesidade se deve à maior inatividade e ao conseguinte menor gasto de energia da população moderna, comparados com a grande atividade física que há milhares de anos nossos ancestrais caçadores e coletores faziam para conseguir se alimentar. No entanto, a pesquisa ressalta que os caçadores-coletores consumiam a mesma quantidade de energia que os seres humanos na atualidade consomem.
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores avaliaram o gasto de energia dos hazda, uma tribo nômade da Tanzânia que vive na savana, e cujos costumes e atividade física quase não mudaram nos últimos dez mil anos.
Os especialistas americanos comprovaram que os hazda, que caminham durante dias na busca de alimentos, têm um gasto energético (calorias queimadas diariamente) não muito maior do que o de qualquer adulto dos EUA ou Europa.
Engordamos porque dormimos pouco
Esta descoberta questiona, segundo os autores do estudo, a suposição de que nossos antepassados consumiam mais energia que nós e aponta para a ideia de que o atual aumento da obesidade obedece a um maior consumo de alimentos, que comemos demais, e não para uma diminuição no gasto de energia, para que nos exercitamos menos. Outro aspecto ignorado ou escassamente conhecido sobre a obesidade é a relação entre a falta de horas de sono e o aumento de peso.
Segundo o médico Adelardo Caballero, a gordura "se transformou durante as últimas décadas em um dos principais problemas de saúde. A Organização Mundial da Saúde avalia em um bilhão o número de adultos com sobrepeso e em 300 milhões o número de obesos. Há explicações diferentes para o constante aumento destes números e os possíveis fatores sociais que o induzem".
"Diferentes estudos e publicações apontam para o fato de que as pessoas que dormem menos de oito horas diárias e, ao mesmo tempo, possuem horários de refeição irregulares, têm mais risco de sofrer patologias como a obesidade", assinala Caballero.
O recente livro “Obesity”, no qual participaram mais de 30 pesquisadores internacionais, assegura que dormir pouco perturba os hormônios que regulam o apetite como a leptina e a grelina, por isso que o sono de curta duração se configura como um dos fatores que contribui para aumento do risco de obesidade, tanto entre adultos como em crianças.
"Um estudo publicado no International Journal of Obesity corroborou como aquelas crianças que dormem menos de sete horas diárias mostram um aumento de peso superior ao daqueles que dormem um mínimo de oito horas", acrescenta Caballero.
Ele alerta para o crescente aumento do número de pessoas obesas, relacionadas com a ausência do número adequado de horas de sono: não dormir o suficiente implica um maior cansaço, que deriva em uma menor mobilidade, fator ao qual se acrescenta que os hormônios de controle da ingestão aumentam quando não se dormem as horas de sono necessárias.
"Um recente estudo do Center for Health Research de Oregon (EUA), no qual participaram 500 pessoas, indica que quem tenta perder peso é mais propenso a conseguir seu objetivo se tem menos níveis de estresse e dorme entre seis e oito horas diárias" destaca Caballero
Cuidado com os banquetes esporádicos
Além disso, outras pesquisas recentes revelam aspectos pouco conhecidos ou divulgados, mas muito importantes sobre a obesidade.
Por exemplo, permitir-se pequenos "banquetes" de vez em quando pode ter consequências a longo prazo na fisiologia, ainda após haver perdido o excesso de peso inicial, segundo um estudo da Universidade de Linköping (Suécia).
Os pesquisadores suecos comprovaram que basta quatro semanas nas quais aconteçam vários episódios em que aumente o consumo de calorias em até 70%, e se descuide do exercício, para aumentar o peso e a gordura corporal.
Os efeitos dos banquetes podem se manifestar ou perdurar por até dois anos e meio, o que demonstra que "um momento de comida nos lábios pode se transformar em um ano de gordura nos quadris", assinalam. A obesidade também apresenta alguns fatores de risco pouco conhecidos.
O aumento de peso não depende só dos hábitos alimentares, do consumo e do gasto de calorias, também da predisposição genética ou do funcionamento metabólico de uma pessoa.
Segundo foi exposto em um congresso científico organizado pelos Institutos Nacionais da Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos EUA, o estresse induz a comer mais vezes fora de hora e sem controle e a ingerir mais doces e gorduras, aumentando os níveis no corpo de insulina e cortisol, que favorecem a acumulação de gordura.
Além disso, o tipo de bactérias que formam a flora intestinal podem fazer com que se absorva mais comida ou ela seja metabolizada de modo deficiente, e certos vírus, como o AD-36 aviário, ou compostos químicos como o dietilestilbestrol (DES) podem propiciar que se engorde.
Por outro lado, muitas pessoas não são conscientes do grau de gordura, já que têm percepções tranquilas sobre seu peso e acreditam que são mais magros do que na realidade são, apesar do que lhes diz a balança, segundo a pesquisa da Harris Interactive/HealthDay, realizada nos EUA.
O trabalho, que comparou o Índice de Massa Corporal (fórmula para calcular o grau de obesidade com base nos quilos e na estatura) com a percepção da própria pessoa sobre seu peso, descobriu que 30% de quem tem sobrepeso não é consciente disso e 70% dos obesos acreditam que só têm "alguns quilos a mais".
"Quem não reconhece o problema ou sua gravidade, é menos propenso a solucioná-lo", assinalam os autores. A pergunta que recomendam fazer é: "Sou uma dessas pessoas?" Fonte: Yahoo Notícias Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário