Associação entre morcegos e ebola africano sugere dispersão do vírus
Cientistas encontraram pela primeira vez evidências da presença do vírus africano da febre hemorrágica Ebola em morcegos frugívoros asiáticos, o que sugere uma disseminação bem maior do vírus em todo o mundo do que se tinha conhecimento.
Cientistas encontraram pela primeira vez evidências da presença do vírus africano da febre hemorrágica Ebola em morcegos frugívoros asiáticos, o que sugere uma disseminação bem maior do vírus em todo o mundo do que se tinha conhecimento.
Isso não significa que surtos de Ebola sejam inevitáveis, afirmou Kevin J. Olival, líder da equipe que capturou os morcegos, da EcoHealth Alliance, embora isso seja possível. Acredita-se que os morcegos bebam a seiva de potes presos às árvores usados para a coleta da saborosa seiva da tamareira. A causa dos surtos fatais do vírus Nipah – que não tem relação com o Ebola – ocorridos em Bangladesh foi atribuída à seiva fresca, contaminada pela saliva de morcegos.
Os coletores de seiva de tamareira devem ser estimulados a colocarem tampas de bambu sobre os potes de coleta para evitar a aproximação dos morcegos, afirmou Olival.
A equipe do cientista capturou 276 morcegos, de quatro regiões de Bangladesh, para realizar o estudo publicado em janeiro no periódico Emerging Infectious Diseases.
"Esses morcegos pernoitam em cavernas, mas existem muito poucas em Bangladesh, por isso colocamos redes de nylon do lado de fora de ruínas antigas que pareciam tiradas de um filme de Indiana Jones", afirmou. "Eles saíram à noite para procurar comida." A equipe desenredou os morcegos, retirou amostras de sangue, saliva, urina e fezes, e depois os liberou.
Cinco dos morcegos capturados, todos da espécie Rousettus leschenaultia, reagiram ao teste de anticorpos do vírus Ebola Zaire. Como os pesquisadores não encontraram o vírus, não foi possível realizar o sequenciamento genético nem verificar o grau de semelhança com a cepa africana.
Embora espécies relacionadas de morcegos frugívoros sejam encontradas na África, Índia e China, elas não possuem territórios comuns e não percorrem distâncias longas, afirmou. É provável, portanto, que o vírus tenha se hospedado em uma espécie ancestral do morcego durante milênios, afirmou Olival. O Ebola Reston, um vírus relacionado que não é conhecido por tornar doentes os seres humanos, foi descoberto em morcegos frugívoros das Filipinas, e um vírus semelhante ao Ebola foi encontrado em morcegos da Espanha que se alimentam de insetos. Mas as evidências de Bangladesh se assemelham mais ao Ebola Zaire.
No início, acreditava-se que o Ebola fosse um vírus de gorilas, porque os surtos humanos começavam depois que as pessoas comiam gorilas mortos. Mas os cientistas acreditam que os morcegos sejam os hospedeiros naturais do vírus e que os primatas talvez sejam infectados por meio da ingestão de frutas nas quais os morcegos salivaram ou defecaram.
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